Capítulo 27: quem trata o tempo como mercadoria também trata as pessoas como mercadoria
+ entrevista pocket com Marina Mafra
miolo
“Quem trata o tempo como mercadoria também trata as pessoas como mercadoria.” Paraíso | Netflix | 2023
Em julho chegou ao catálogo da Netflix o filme de ficção científica chamado Paraíso e é de lá que veio essa frase enigmática e o ponto de partida da GLit de hoje.
Para quem não assistiu ao filme, a trama se passa em um mundo futurista, mas muito parecido com o de hoje, em que o tempo foi comercializado: agora você pode comprar alguns anos para rejuvenescer sem medo de ser feliz.
O único detalhe é que esses anos comprados são caríssimos, na escala de ser ofertado apenas para os 1% mais ricos do planeta e olhe lá. Além disso, esses anos são “retirados” de alguém que concorda em vendê-los para serem transplantados em quem compra.
É isso mesmo, estamos vendendo e comprando tempo, em anos de vida.
Paraíso vai então nos mostrar a vida de um dos gerentes de maior sucesso da empresa que desenvolveu a tecnologia, mas que passará por uma série de reviravoltas quando sua esposa precisa pagar uma dívida e entregar 40 anos de sua vida.
Durante o filme, vários são os vieses apresentados nessa realidade: a mulher aflita com a situação de perder 40 anos de sua vida, o comércio ilegal, as intenções da empresa e da CEO desenvolvedora da tecnologia, que exploram alguns dos lados desse sistema.
Apesar de ter um ou outro desacerto na história, o filme com certeza vale o tempo de vida gasto, porque é um prato cheio para reflexões sobre a vida (e nosso tempo) de agora.
No filme, o tempo de vida é vendido e comercializado conforme sua possibilidade monetária. Quem pode comprar, compra. Quem não pode, só tem uma opção disponível: vender.
Mas, não é assim no mundo de hoje?
Para mim foi impossível não associar toda a questão sobre a forma de consumo e venda do tempo com o que temos hoje, especialmente nas redes sociais.
Muitos dizem que o tempo é justamente uma das moedas mais caras, porque temos um punhado de aplicativos e redes os disputando, já que centenas de milhares de conteúdos são postados a cada minuto. Para se ter uma ideia, uma pesquisa mostrou que 347 mil stories são publicados no Instagram por minuto. E os dados são de 2020.
A demanda é altíssima, para dizer o mínimo, e pensar em como criamos é também pensar em como chamamos atenção e o que estamos oferecendo às pessoas em troca dele, do tempo.
Porque, apesar de estarmos nas telas, a conexão que buscamos ainda é com pessoas e não com números.
biblioteca
uma seleção literária & criativa que inclui de tudo e mais um pouco
Nossa biblioteca hoje chega numa versão pocket, para abrir espaço para a entrevista que vem logo a seguir, com a autora Marina Mafra.
Assinaturas no Instagram: voltamos aos 10k
Para quem ainda não ficou sabendo da novidade, a opção de assinatura pelo Instagram chegou ao Brasil.
Como o antigo “arrasta pra cima”, a funcionalidade só é liberada para contas acima de 10k. Ou seja, voltamos àquela famigerada sensação de status ao alcançar 10k para conseguir alguma funcionalidade da plataforma.
Até entendo estabelecer algum tipo de parâmetro para disponibilizar, porém, o 10k com certeza exclui muita gente que faz um trabalho incrível e que tem uma comunidade forte e pronta para apoiar o trabalho da creator, mas que vai precisar optar por outra plataforma.
Um lembrete importante aqui é que ter o 10k também não é sinônimo de ter a função prontamente disponível, já que a atualização é gradual e ainda tem muitos perfis que atendem aos requisitos, mas que não tem a função disponível.
Porém, uma coisa muito legal para quem tem interesse em ter comunidades e explorá-las dentro do Instagram, é que é possível criar publicações restritas para certo público, tanto nos stories como no feed, baseada na lista de “melhores amigos”. E, para isso, você não precisa ter 10k.
Lançamento que vale muito conhecer!
Agora em agosto a escritora Lais Menini lançou pela Amazon seu romance de estreia, Teoria do Amor, concorrendo também do Prêmio Kindle de Literatura 2023:
Além de ser uma bagatela de R$5, o livro está disponível também pelo Unlimited e garanto que vale a leitura (e talvez com certeza você queira uma pink lemonade durante - e após - a leitura)!🍋📖
Entrevista Pocket com Marina Mafra
Autora de De Repente Esclerosei e das antologias Meu Livro de Cabeceira e Plurais.
Desde o começo da GLit eu queria que ela fosse também um espaço para dar voz à literatura brasileira e autoras nacionais.
Antes de retornar com a news na edição anterior, fiquei pensando como eu poderia abrir esse espaço para além de indicar lançamentos.
Por isso, inaugurando o espaço de entrevista, trouxe uma amiga muito querida, autora incrível e mulher maravilhosa, que cria suas histórias de modo muito acolhedor e que tem um trabalho pautado na conscientização sobre a Esclerose Múltipla.
Hoje, no Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, convidei a Marina Mafra para falar sobre De Repente Esclerosei, seu primeiro livro.
A seguir, conheça mais sobre o livro na nossa entrevista pocket, que contará com novas edições sempre na última quarta-feira do mês.
O que você pode contar sobre o enredo e os personagens de De Repente Esclerosei?
Quis trazer a realidade do diagnóstico de Esclerose Múltipla em um enredo mais fantasioso. Então busquei inspiração nos contos de fadas e minhas histórias favoritas.
Você pode contar um pouquinho sobre seu processo de criação do livro, como surgiu a ideia para ele, existiram desafios pessoais a serem ultrapassados?
Eu só queria uma maneira de conscientização e como já havia aprendido sobre outras patologias através da literatura, quis arriscar. Só tinha a história escrita e de forma leiga. O livro – e tudo que envolve a edição – nasceu com a ajuda de grandes amigos do meio editorial.
Me conta sobre a mensagem principal que você queria compartilhar com as pessoas!
Como paciente fui questionada algumas vezes sobre como me sentia e nunca soube explicar, mas de alguma forma na escrita consegui transmitir detalhes do que vivi que, consequentemente, responderam esses questionamentos. Gosto de dizer que o livro é para quem quer conhecer a doença – sem termos técnicos –, para quem convive com pacientes compreender um pouco do que vivemos e para que meus parceiros nessa luta saibam que não estão sozinhos.
Qual foi a melhor parte de publicar De Repente Esclerosei?
O retorno dos leitores, sem dúvidas. Conhecer histórias que foram tocadas e pessoas identificadas de alguma maneira pelo que eu escrevi. Fez todo esforço e trabalho valer a pena.
Obrigada por ler até o fim, sinta-se à vontade para responder, comentar ou dar qualquer pitaco, seja por e-mail ou nos comentários. Vou amar ler você também!
A gente se lê na próxima quarta, GLitter!