Capítulo 36: o que são dailys e o que eles tem a ver com a gente
um retorno às origens mais do que estratégico
Daily: a palavra do momento
miolo
O que são Dailys, os diários virtuais que viraram febre nas redes sociais? Quem cria, quem faz parte, como manter, como criar o seu? Nesta sexta, no Globo Repórter!
Quero dizer, quarta, agora mesmo, na GLit.
Sempre que aparece algo novo no meio digital todo mundo começa a falar a respeito como se fosse figurinha batida.
Mas, na real, é difícil acompanhar tudo e aprender todos os termos logo de cara.
Ainda mais quando existe tanta coisa nova surgindo e muitos movimentos sendo importados do mundo instantaneamente para o Brasil.
Seja vista como uma trend, estratégia de conteúdo e conexão para comunidades, fato é que os Dailys estão por toda parte.
Dailys são perfis, geralmente fechados e/ou secundários em que as pessoas tem espaço para serem quem são sem filtros e edições.
É um espaço focado no relacionamento com as pessoas, em criar laços e amizades, sem se preocupar com a qualidade de seus conteúdos, sem se preocupar com o ângulo ou filtro certo.
Esse movimento é muito interessante por várias questões e, por isso, organizei as ideias em três grandes tópicos, que são, na verdade, apenas pontos de partida para o debate.
O primeiro é o movimento de retorno às origens do próprio Instagram, que antes de ter esse nome, era Burbn, um app de check-in.
Apesar da sua função principal, ele acabou ganhando outra razão de ser graças ao movimento dos usuários dentro da própria plataforma: o compartilhamento de fotos para se conectar com amigos.
Lá nos primórdios do Instagram a vibe ainda era essa, você seguia amigos, família, conhecidos.
A ideia de criador de conteúdo, de influenciador ou marcas dentro da plataforma era bem escassa, especialmente porque as blogueiras ainda precisariam migrar de seus blogs para aquele espaço (as precursoras de todo um movimento).
O feed era muito voltado para comida (quem lembra?), pets e momentos triviais do dia a dia. Era um diário virtual que a gente mantinha para falar da nossa vida com aqueles que eram próximos da gente e, também, uma forma de ficar sabendo das coisas legais dessas pessoas.
Os Dailys funcionam com esse mesmo propósito, resgatar essa espontaneidade que existia na plataforma, se conectando mais com pessoas, sem filtros, sem o julgamento alheio e sem preocupação de postar dentro dos seus padrões de feed bonito e harmônico.
Mas, é claro, o movimento dos Dailys não é apenas sobre isso.
O que nos leva para o segundo ponto, que é o uso intencional dos Dailys como ferramentas de venda e comunidade para criadores.
Antes de qualquer coisa, entenda aqui venda não só como venda de um produto ou serviço, mas também de uma ideia, um estilo de vida. Venda precisa ser desmistificada, é sobre troca de valor (mas isso é papo para outro dia).
Dito isto, os Dailys surgem como uma forma sim de se aproximar e se conectar verdadeiramente com as pessoas, mas também como uma ferramenta estratégica no trabalho de criadores e influenciadores.
O significado disso tem um argumento muito forte por trás: comunidade.
Uma das tendências que vem sendo (re)afirmada nos últimos anos, e que falei sobre no nosso encontro que rolou em janeiro (e que você pode assistir aqui), é exatamente sobre como as pessoas buscam maior identificação e relações verdadeiras na hora de tomar suas decisões.
Isso significa que tem muito mis chances de eu aceitar a indicação/venda/recomendação/proposta/novidade/etc. de uma influenciadora que eu sinto que é acessível e que dialoga comigo, mesmo que ela tenha milhões de seguidores, porque me sinto parte integrante do movimento que ela defende e lidera.
Ou da comunidade dela.
Porque comunidade é sobre pertencer a uma tribo, grupo, um lugar que a gente se sente acolhida, respeitada, com a voz ouvida e liderada por alguém com quem a gente se identifica em algum nível.
Por isso, para além desse movimento de querer se aproximar das pessoas, criando uma espécie de bolha dentro da bolha, a estratégia e a intencionalidade aqui também são relevantes se o propósito do Daily está alinhado à criação de conteúdo de uma criadora, por exemplo.
Manter comunidades hoje é desafiador, quero dizer, manter comunidades é desafiador, é trabalho diário e constante, bem de formiguinha mesmo.
Por isso os Dailys são um caminho viável, acessível, que vão funcionar como um espaço seguro e facilitado para essa construção.
Mas, existe um porém, que é exatamente o nosso terceiro ponto: criar um Daily não basta para que exista uma comunidade engajada no que você produz ou entrega, e, tampouco, para conseguir gerar conexões reais.
O que muita gente ainda não percebeu é que abrir um @ novo ou colocar as pessoas nos amigos próximos não é significado de conseguir construir uma comunidade forte, engajada e que tem valores alinhados aos seus.
Em um post no Instagram que explica o que são os Dailys, da Nozy Content Agency, já é possível ver os relatos de algumas pessoas que criaram seus próprios Dailys e não viram a mágica acontecer.
É claro que um estudo caso a caso pode levar a gente a entender mais sobre porque elas não conseguiram desenvolver seus projetos ou mesmo criar as conexões e proximidade desejada com seu público.
Mas existem algum fatores que podem estar atrapalhando ou impedindo que esses projetos sejam bem sucedidos para criadores, tais como:
Falta de clareza de objetivos: pode parecer algo simples, mas se você não sabe qual é seu intuito na hora de criar um Daily, seja no formato que for, provavelmente você não saberá se está ou não funcionando e se está ou não evoluindo, crescendo e fortalecendo seu trabalho. A falta de clareza pode atrapalhar até mesmo as pessoas que querem fazer parte e que se sentem perdidas e não sabem o que esperar desse espaço.
Falta de público qualificado: se o seu trabalho não atrai as pessoas certas, se você não possui algum tipo de público que vai se interessar por esse espaço, se você já não possui uma uma bagagem na sua criação, dificilmente um Daily vai vingar. Existem etapas prévias indispensáveis à formação de um projeto como esse: você quer gerar conexão nas redes como, se não dialoga com ninguém nessas mesmas redes?
Falta de conhecimento sobre o que são comunidades: uma comunidade não surge da noite para o dia porque ela é sobre conexão e relacionamento. Entender esse aspecto é essencial para um Daily estratégico, intencional e alinhado ao seu projeto. Porque dá para ser real e intencional ao mesmo tempo. Dá para criar com descontração e manter seu trabalho em mente. E dá para alinhar seus objetivos de marca/creator/influencer com conexões verdadeiras e sinceras.
Tudo isso porque um Daily não é necessariamente uma comunidade, ele pode realmente ser apenas um diário virtual. E está tudo bem se essa for a intenção da pessoa que o cria.
Mas, enquanto criadora e criativa, acredito que um Daily tem um potencial fortíssimo como espaço para se desenvolver uma comunidade, para fortalecer uma comunidade e abrir espaço para uma troca que vai além da relação unilateral que os perfis tradicionais nos permitem hoje.
Tudo isso claro, se há clareza na sua criação, se você tem público para ele e se você sabe ou procura aprender sobre como é criar e manter uma comunidade.
Se você quer aprender mais sobre comunidade, recomendo este artigo da Commu sobre o que são comunidades intencionais: ele traz um panorama bem detalhado de forma muito acessível.
Você tem alguma ideia ou pitaco a respeito disso? Você sempre pode responder esse e-mail que a mensagem vai direto para mim. E vou ficar feliz em te ler também!
ainda é tempo de planejar & organizar
entrelinha
É interessante observar o movimento de que, aproximando o Carnaval, do meio pro fim do primeiro trimestre, a gente para um pouco de falar de planejamento, organização e metas para o nosso ano.
Os conteúdos já começaram a rarear no feed, mas não só isso, a gente começa logo a seguir o fluxo e esquece que organização é um trabalho constante e, planejamento, também.
Mas se você ainda precisa saber para que rumo seguir daqui pra frente (ou se você vai continuar no que já foi traçado), trouxe duas ferramentas lançadas recentemente e que podem te auxiliar no processo de criação:
. O X (antigo Twitter), trouxe um Calendário de Marketing para 2024 para lá de interessante. A própria plataforma afirma que que o Calendário reúne “os momentos e movimentos mais poderosos do mundo” e vale muito conhecer e, claro, usar o que for aplicável na sua estratégia de conteúdo.
. O pesquisador Dan Novais criou um Calendário Cultural Brasileiro que é também uma ferramenta incrível para quem cria conteúdo: é uma mão na roda pra quem gosta de criar conteúdos relacionados a outros nichos e também fazer interconexão de temas com a literatura.
até a próxima quarta, GLiiter!
rodapé
Obrigada por ler até o fim, sempre que quiser você pode responder esse e-mail que sua mensagem chega direto na caixa de entrada da GLit. E será um prazer imenso saber das tuas ideias de criadora.
Não deixe de acompanhar a GLit pelo Canal no Instagram, a galera de lá já até sabia qual o tema central da news de hoje.
A gente se lê na próxima quarta, GLitter!
Eu tenho um ponto aqui Rê... Ao meu ver o Daily por si só não consegue atingir ao objetivo que está sendo vendido (retorno as raízes) a partir do momento em que se cria "estratégias" e se utiliza como ferramenta, uma vez que supostamente deveria ser uma forma despojada, sem filtros, sem pré-disposição definida de postar. Entendo que o Daily esta sendo vendido como nostalgia aos "velhos tempos" mas na verdade a mercadoria está sendo a intimidade dos criadores e proximidade, porque tudo se tornou tão produto e tão corrido que os grandes influenciadores vendo pequenos como você e Mel criarem comunidades fechadas tão fieis, tiveram que se adaptar. Pensa em quão difícil era receber uma resposta a uma mensagem de Bruna vieira, Maddu Magalhães, Taciele alcolea? Hoje por alguns numeros de reais alguns (não digo essas especificamente) mas alguns influenciadores te colocam em um grupo, no melhores amigos ou nos assinantes do instagram youtube etc para receber conteudo exclusivo e estar pertinho de fulanes. De brinde o influenciador ganha uma métrica de pessoas mais suscetíveis a serem influenciados, por isso, mais real como numero de conversão para marcas.
Escrevi uma biblia, mas enfim, reflexões.