Capítulo 41: threads: sua fonte de fofocas & tretas literárias
& o caos da IA está logo ali, virando a esquina
as tretas literárias que a gente encontra no Threads não são tão ruins assim
miolo
Um movimento muito forte vem se instaurando na comunidade literária graças ao Threads.
Desde o lançamento da rede social, em julho do ano passado, é certo que muita coisa já mudou de lá pra cá.
Os feeds mostravam muitas coisas fora do nosso padrão de consumo, com foco para perfis famosos que bombavam rapidamente em seguidores e de todo canto (do mundo e do Brasil).
Aos poucos, os algoritmos foram aprendendo as nossas preferências e a casa foi sendo organizada. Um exemplo desse movimento é a trend Instagram, me conecte com pessoas que, que estava por todos os perfis e ainda aparece vez ou outra.
Passado o furor da novidade, a plataforma precisou de uma forcinha para continuar de vento em poupa, e a Meta trouxe recomendações de conteúdo do Threads para o feed do Instagram.
A parte boa do Threads é que seus algoritmos já entenderam um pouco do nicho e focam mais no nosso tipo de conteúdo. Eu, por exemplo, mesmo usando pouco, recebo com frequência recomendações de conteúdos que são bem atinentes ao nicho literário e minhas áreas de interesse.
A Comunidade Literária no Threads
Quando o assunto é a comunidade literária, estamos lá em peso. E não só postando nossos conteúdos, mas fazendo algo muito incrível também: expondo as tretas do mercado literário.
Sei que quando coloco treta pode soar negativo, mas se tem uma coisa boa que a treta permite é abrir espaço para diálogo sobre temas que nem sempre ganham pauta.
Por isso, o Threads tem sido uma porta de entrada maravilhosa para a gente não apenas reclamar, mas para debater e pensar o mercado literário e sua relação com o mercado de creators no Brasil.
Afinal, não é de hoje que sabemos que ainda há muito que se aprender, tanto do lado de creators que querem trabalhar ou trabalham no nicho, quanto das empresas que atuam no setor.
Aqui, quando falo de empresa, falo também de autores que estão contratando serviços de creators e influencers. Poque, nessa relação, apesar de entender e saber da disparidade de um autor independente para uma Editora, ele ainda atua como um contratante.
Inclusive, a pauta de criadores x autores independentes vem rendendo bastante nos últimos tempos: de um lado, creators insatisfeitos com a desvalorização e com os absurdos que precisam enfrentar. De outro, autores independentes que, bem, se sentem da mesma forma: insatisfeitos com a desvalorização e com os absurdos que precisam enfrentar.
Levaria uma news (ou um livro inteiro) para realmente adentrar nessa questão e todas as suas facetas, mas muita coisa que observamos surge da inexperiência e de uma visão unilateral sobre a realidade do mercado editorial no Brasil.
O embate autores independentes x creators do nicho
Lembro que li um post no Threads muito certeiro e que infelizmente não achei para colocar aqui, mas se alguém ver ou for a autora, por favor, compartilhe para eu creditar.
Enfim, o post dizia algo como: a gente querendo que os autores criem suas comunidades, engajem nas redes e vendam seus livros quando há pouco tempo, tudo que se esperava e a visão que se tinha de escritores eram de ermitões que passavam o dia de pijama e escrevendo.
E eu concordo, a mudança é brusca demais, mas a gente também precisa entender que a realidade hoje é outra, que ninguém vende nada apenas por escrever.
Assim como a profissão creator é nova, a profissão autor independente, como existe hoje, também é: não vamos esquecer que o processo de publicação tradicional ainda é limitado e que até 2012 não existia o mais comum meio de publicação independente, o Kindle Direct Publishing (KDP).
Negar que a realidade muda (e muda rapidamente), é negar também a importância comprovada do trabalho de criadores no mercado literário do Brasil (e do mundo).
Ainda dá para discorrer da importância do trabalho de creators para autores independentes com a amostra do porquê vem crescendo o número autores-influenciadores publicados por editoras tradicionais. Mas, novamente, pautas para outras news.
Talvez, nesse duelo em específico, ainda seja preciso que as pessoas entendam que estamos do mesmo lado, em busca de conectar obras com seus leitores ideais, para começo de conversa.
É de tretas literárias que somos feitos?
É claro que, em se tratando de relações e trabalho humano, ninguém está imune a erros.
Quantas publis e parcerias nos parecem equivocadas, desde as escolhas de uma Editora na hora de seleções de parceiros? Com o lembrete de que existe uma equipe fazendo escolhas mercadológicas e de negócio, é claro que nem tudo vai bater mesmo com o nosso gosto pessoal.
Aí pensamos mais um pouco em tuo que envolve o nicho:
Perfis selecionados com milhares de seguidores (comprados).
O post era para ser sobre o livro, mas na verdade falou foi sobre a adaptação.
Uma história sempre tem dois lados, ou, provavelmente, até mais:
Editoras com equipes enxutas que torna impossível dar conta de todas as demandas.
Autores independentes que fazem das tripas o coração para colocar o livro no mundo, mas que precisam de outro emprego para pagar os boletos.
E ainda existem muitos outros lados, muitas outras questões e muitos outros problemas que envolvem essa relação (as pinceladas que dei aqui nem começam a analisar todos eles, garanto).
Mas, como luz no fim do túnel é inegável que abrir espaço para o diálogo é sempre essencial. E o Threads tem dado mais voz às pessoas, o que é sim, um ótimo ponto de partida para o que queremos construir com o nosso trabalho nas redes e nas transformações que queremos que o mercado opere.
Ah, se bora se encontrar no Threads também? Por lá eu sou a @retipatia, mas o papo principal é sobre a GLit ✨
Lembre-se que você sempre pode responder a esse e-mail que sua mensagem chegará direto na minha caixa de entrada. Vale deixar seu comentário também pra gente papear.
IA no mundo [literário]
entrelinha
Dois temas, o mesmo ponto em comum: a danada da IA.
Livros escritos por IA tomam conta do ranking de mais vendidos da Amazon
Parece coisa de um século para frente, mas em setembro do ano passado a Amazon limitou o número de livros que podem ser publicados por dia para autores no Kindle Direct Publishing para 3 por dia.
É, parece absurdo imaginar que alguém tenha mais que 3 livros para publicar por dia, mas o limite foi informado pela Amazon em setembro do ano passado, época em que, - pasmem - 81% da lista de mais vendidos em romances contemporâneos era de livros escritos por bots de IA.
Não é a Amazon BR, ok, mas dá muito para se pensar a respeito da qualidade destas obras e, claro, do futuro do mercado literário. Você pode ler mais aqui.
Avatar de Machado de Assis criado por IA
A Academia Brasileira de Letras chamou a atenção com o lançamento de um avatar de Machado de Assis, que fica à disposição para interação com público durante as visitas guiadas.
Mas o que mais gerou debate nas redes são questionamentos sobre o embranquecimento do autor e seu sotaque equivocado:
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Obrigada por ler até aqui: e fique à vontade para comentar ou responder a este e-mail, será um prazer te ler também.
A gente se lê na próxima quarta, GLitter ✨-✨