Capítulo 47: se seu perfil fosse uma livraria, como ele seria?
o que Bem-Vindos à Livraria Hyunam-dong pode ensinar sobre a criação de conteúdo literário
“Se ela fosse uma cliente nova, será que iria gostar de um lugar como esse? Será que leria os livros vendidos ali? Como uma livraria deveria ser?”
miolo
IMPORTANTE: O texto não tem spoiler do livro, ok, não é uma resenha, é uma análise feita a partir de alguns caminhos que a leitura me despertou.
A frase que dá título ao miolo de hoje vem do primeiro capítulo de Bem-vindos à Livraria Hyunam-Dong de Hwang Bo-Reum, chamado Como uma livraria deveria ser?
Para além de dizer, que livro acolhedor, apaixonante e favorito!, a leitura me faz pensar no nosso trabalho de criação de conteúdo com muita frequência (e em mais de um milhão de coisas que podem ser resumidas em uma palavra: vida).
Existem alguns trechos e capítulos que trazem uma associação bem óbvia, já que abordam como a protagonista divulga a livraria Hyunam-dong nas redes sociais.
Porém, não é apenas essa parte que traz reflexões interessantes e, ouso dizer, não é a parte que mais me fez pensar no nosso trabalho como criadoras de conteúdo literário.
Por isso, o trecho que escolhi e trouxe lá no título, pode receber uma pequena adaptação que nos faz pensar de forma mais literal em nossa realidade:
“Se ela fosse uma cliente seguidora nova, será que iria gostar de um lugar como esse? Será que leria os livros vendidos ali? Como uma livraria deveria ser?”
Pensar nos nossos espaços online (não apenas Instagram), como uma livraria tem seu lado idílico. No geral, livrarias são muito atrativas para quem cria conteúdo, por motivos bastante óbvios.
Mas, para além disso, quero saber:
Quando você entra numa livraria, qual é a primeira coisa que te salta aos olhos? Você se lembra do nome dela? Consegue perceber um estilo próprio, quais livros estão destacados e quais podem ser encontrados quase em cantos secretos?
É fácil perceber que aquele espaço ali é uma livraria? Existem outras coisas expostas por lá? O que essas outras coisas estão dizendo? Você consegue captar a essência do que está exposto, dos detalhes da organização de cada ilha, prateleira?
É possível perceber qual estilo é mais relevante lá dentro? São os livros de ficção, de não ficção, são acadêmicos, são de terror, são aconchegantes, hype do TikTok ou qual outro padrão predomina?
Tem um aroma de café ou chá quentinho no ar? Tem sabor de uma pink lemonade geladinha ou, quem sabe, de um vinho rosé?
Como são as luzes, elas te inspiram acolhimento, com tons mais quentes, ou a luz é mais escura, trazendo pontos de luz para onde os olhos devem ir? Quem sabe é ensolarada ou tem uma clara e inspiradora?
Eu sei, fiz uma enormidade de perguntas em poucos parágrafos, mas se eu te fizesse essas mesmas perguntas sobre o seu perfil no Instagram, o seu blog, sua conta no TikTok ou até no X, você saberia respondê-las?
Se a resposta é sim para todas elas, ótimo, isso significa que você tem um conhecimento aprofundado do que cria, porque cria e como cria.
Se a resposta não é positiva para todas essas questões, isso significa que tem espaço para refletir sobre todas as mensagens que você entrega sem saber ou que poderia entregar para as pessoas que te seguem.
Mais do que planejar ótimos CTA’s e filtros, pensar no nosso espaço digital como um lugar físico que quer receber bem as pessoas ajuda a ter clareza das mensagens que você quer passar. Mais do que isso, te ajuda a caminhar no sentido dos seus objetivos e a trazer as pessoas que realmente se interessam pelo que você tem a oferecer.
E isso vai além da ideia de seguidores novos, isso abraça quem já acompanha o seu trabalho e até mesmo a forma como marcas e empresas entendem o seu trabalho quando chegam no seu perfil.
Tenho certeza que você já chegou em algum perfil que você não tinha muita certeza do que a pessoa falava ou viu um conteúdo legal e não encontrou nada parecido a ele quando acessou o perfil.
Isso acontece porque nem sempre a gente consegue pensar em objetivos, mensagem ou ter clareza do que queremos e meio que a gente atira para todo lado mesmo.
Ah Rê, isso quer dizer então que eu não posso falar de vários gêneros de livros, colocar minhas receitas e outros conteúdos no meio dos livros, que preciso ter foco exclusivo?
Não, você pode criar sim temas literários e não literários, ter um nicho não significa ser exclusiva 100% do tempo.
O que quero dizer é que você precisa entender quais as mensagens que você passa quando cria esses conteúdos literários ou não literários, porque eles são o seu primeiro ponto de conexão com muitas pessoas e, mais que isso, são o ponto de permanência de quem já te segue.
Quando a gente entende que se falamos de receitas e livros fofos, vamos atrair pessoas que têm esses interesses em comum conosco. Quando quebramos esse lugar comum, como postando um livro gótico no meio dessa fofura, pode ser que ele não esteja condizente com a história que a gente vinha contando para as pessoas que nos acompanham (ou que vão começar a acompanhar). Como se você justificasse um acontecimento de um livro histórico com magia, entende? Por isso, contexto é importante.
É também por isso que recomeçar ou começar um novo projeto encontra muitos desafios: começamos uma nova história para aquela nossa livraria e nem sempre as pessoas serão fisgadas já no primeiro capítulo. Nem no décimo, aliás.
Pensar no nosso trabalho nas redes como uma livraria nos traz novos olhos: o que será que eu posso melhorar para deixar mais claro para as pessoas o que elas vão encontrar aqui?
Voltando ao livro, a protagonista chega a conclusão que o sucesso de uma livraria não está atrelado apenas a uma coisa, ela precisa sim ter aquelas pergunta inicial respondida, saber como um novo cliente se sente.
Mas precisa de mais.
Precisa de coragem. Precisa que a gente acredite nos livros.
“Se Yeongju tivesse coragem de colocar em prática suas ideias sem perder a honestidade, talvez a Hyunam-dong sobrevivesse, assim como as livrarias que ela tinha visitado. Mas o mais importante era não esquecer seu amor pelos livros. Se Yeongju e seus funcionários deixarem transparecer o amor pelos livros, talvez esse amor contagie os clientes. Se eles conseguirem construir relações de afeto por meio dos livros, talvez os clientes sintam o mesmo. Se Yeongju conseguir transmitir na livraria o sentimento que somente quem lê é capaz de experimentar, se as pessoas acreditarem que há histórias que somente quem le é capaz de contar, talvez elas também se sintam atraídas pelos livros. Yeongju queria passar a vida inteira lendo e apresentando livros para as pessoas. Ela queria ser capaz de ajudar qualquer um a encontrar a história que está procurando.”
Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong | Hwang Bo-reum
E como avaliar sua própria livraria Hyunam-dong?
As ideias podem vir de todos os cantos: de uma repaginada nas artes para uma fonte mais legível, até uma bio que descreva melhor o que você encontramos naquela espaço ou um link mais objetivo.
Fazer esse exercício de avaliar seu trabalho como uma livraria pode ajudar, mas você precisa buscar as respostas para as perguntas com duas coisas em mente: sinceridade e o necessário olhar novo, de quem acabou de chegar naquele espaço.
Para facilitar, elenquei as perguntas e coloquei nesses templates, no formato de stories, para que você possa salvar no seu telefone ou computador e responder:
Vou adorar saber se você fez (mesmo que mentalmente) e se encontrou caminhos e ideias para o sua livraria.
Ah, e lembre-se: você sempre pode responder a este e-mail que sua mensagem vai direto para minha caixa de entrada. Você também pode deixar seu comentário por aqui e continuar a conversa, será um prazer te ler.
rodapé
Obrigada por ler até o fim, GLitter, é sempre um prazer escrever para você!
A gente se encontra a próxima quarta, na hora do chá ✨-✨