Capítulo 52: você tem uma rotina de criação de conteúdo?
+ entrevista pocket com as autoras de Às Margens do Tempo
rotina de criação: para quê te quero?
miolo
"Tudo seguia igual. Serviço de casa, a roupa no rio, um dia depois do outro sob a copa da quaresmeira temperamental. E, de vez em quando, aqueles passeios pra se imaginar numa vida que não era sua."
O trecho é do livro Às Margens do Tempo, que tem entrevista neste capítulo e que é também uma das minhas leituras atuais (spoiler alert: estou amando!).
Um dos detalhes da primeira história do livro é exatamente esse esmiuçar do cotidiano, da rotina, do que acontece no dia após dia e que se estende por anos a fio, interrompido ora aqui, ora ali por gotejares de novidades.
Por mais que a ideia em si de rotina possa parecer enfadonha para algumas pessoas, ela pode trazer inúmeros benefícios que vão desde redução do estresse e ansiedade, maior produtividade, até melhora da qualidade de vida.
Desde que comecei a trabalhar em casa, em 2020, estabelecer uma rotina se tornou mais importante no meu cotidiano. Isso porque é muito fácil misturar o tempo de trabalho com o de descanso (geralmente deixando muito pouco para essa segunda parte) ou mesmo para conseguir balancear demandas da vida, de casa, da família, pessoais, com as do trabalho.
E claro, dentro disso ainda existem recortes que vão tornar esse processo da rotina mais ou menos necessário, tanto quanto mais difícil de se estabelecer ou ser alterado. Um exemplo certeiro é de quem é mãe.
Toda essa ideia sobre rotina e pensar em como meu cotidiano costuma ser do tipo em que “tudo segue igual”, mas tem seus momentos de caos descontrolado (como nesta semana, em que estou me mudando de casa), me levou também a pensar sobre rotina de criação.
Por rotina, não falo sobre criar conteúdo todos os dias. Afinal, rotina é sobre hábito, sobre percorrer um caminho já conhecido, ter previsibilidade.
Inclusive, falo isso porque sei que criar conteúdo diariamente não é a realidade de muitas GLitters que não têm a criação de conteúdo como fonte de renda ou fonte principal, que são creators por hobby ou outros casos.
Voltando a linha de raciocínio, pensar uma rotina de criação é como um caminho para ajudar a entender o nosso processo criativo, as necessidades desse processo, o tempo que ele envolve, onde é que o calo costuma apertar e quais formas e caminhos você pode adotar para facilitá-lo.
Bora de exemplo?
Minha rotina de criação começa com planejamento & organização: preciso anotar ideias, pendências, projetos, metas, desejos, tarefas, objetivos, prazos, estratégias de conteúdo, tudo tim tim por tim tim. Para essa parte eu utilizo meu template de creator no Notion + planner físico.
Essa parte é bem importante porque preciso gerenciar várias frentes da minha criação de conteúdo e vida de empreendedora, com o Empório (loja), Retipatia (conteúdo literário, em várias redes), a GLit (newsletter e também no Instagram), o Coletivo (clube do livro) e um projeto secreto que vem por aí 👀.
Depois de planejar e organizar, a segunda etapa é a de criar & produzir: aqui entra um monte de coisas, como pensar em pautas, formatos, temas e pesquisar datas, fatos, informações e tudo o mais necessário. Também entra a parte de fotografar, escrever legendas, textos e artigos, criar artes no Canva/Photoshop.
Meu pack essencial para esta etapa: Notion para checar o calendário de postagens, para escrever e estruturar os conteúdos em si (roteirizar o que precisa, escrever uma legenda, por exemplo); celular para fotografar e editar as fotos dos meus cenários (99% deles são feitos em casa e amo o Lightroom pras fotos); Canva para criar artesinhas; CapCut e ActionDirector para vídeos.
Como deu para perceber, essa é a etapa mão na massa, de tirar a ideia do papel, mas a rotina de criação não termina nela:
A terceira parte consiste em postar & analisar: sei que é fácil pensar na parte de postar, bastam alguns cliques e voilà: vem aquela sensação de trabalho feito, finalizado, entregue, amém.
Porém, se você, Glitter, quer melhorar suas entregas, entender seu público e a reação do seu público ao seu conteúdo a partir daquilo que você planejou e/ou estabeleceu como meta/objetivo na primeira parte da sua rotina de criação, analisar seus resultados (e entendê-los) é um caminho valioso.
A quarta e última etapa é: volte para a primeira etapa!
Afinal, uma rotina de criação é um ciclo constante: você sempre vai planejar & organizar, criar & produzir e postar & analisar.
Esse caminho previsível, algo inerente a uma rotina, permite que você possa ter a segurança de conhecer o caminho que será trilhado para realizar suas tarefas de criação.
Pode parecer trivial, mas vai te ajudar muito, inclusive, a lidar com imprevistos, evitar a sobrecarga e flexibilizar sempre que necessário.
Trocando em miúdos, definir uma rotina de criação é ótimo caminho para você estruturar e organizar sua produção de conteúdo para que ela se adeque à sua realidade.
Por aí, você já pensou em como funciona sua rotina de criação, GLitter?
Lembrete: você sempre pode responder esse e-mail que sua mensagem chegará direto na minha caixa de entrada. Ou você também pode deixar por aqui seu comentário, é sempre um prazer te ler.
drops de GLitter
curadoria de conteúdo & etcétera para você
Foi em Minas Gerais (estado do qual escrevo para você), com o livro O Menino Marrom, de Ziraldo: retirado de bibliotecas após ser acusado de ser inadequado pelas famílias dos estudantes. Estapafúrdia nem começa a descrever toda a questão: você pode ler mais clicando aqui!
mulheres às margens do tempo
entrevista pocket com as autoras de Às Margens do Tempo
A primeira entrevista da Glit que dá voz não apenas a uma, mas a seis autoras nacionais, traz consigo a indicação de um livro que com certeza vai te fazer viajar no tempo:
Às Margens do Tempo das autoras Mariana Chazanas, Pattie, Bettina Winkler, Valquíria Vlad, Karine Ribeiro e Carol Camargo, publicado pela Harlequin, traz consigo a beleza de um conjunto de histórias que, na verdade, são uma só.
Cada autora traz em seu conto uma geração da mesma família e de uma viajante do tempo, tudo ao redor do mesmo rio, da mesma quaresmeira e da mesma casa.
A beleza desse enlace é o que você encontrará nas páginas de Às Margens do Tempo e, para que você possa ter um gostinho do que foi dar vida à esse, fique com a Entrevista Pocket da Glit desse mês de junho:
"Valente como um búfalo, livre como uma borboleta, indomável como a tempestade."
1. O que você pode contar sobre o enredo e os personagens de Às Margens do Tempo?
[Valquíria Vlad] É uma história de vários arcos. Temos um arco geral que atravessa toda a história - que, inclusive, aparece embaralhada para o leitor - e o arco individual de cada um dos capítulos, que são assinados individualmente pelas autoras. Nós temos então uma casa na qual corre um forte círculo de proteção que ninguém sabe de onde vem, como surgiu ou o que ele é capaz de fazer. Mas é lá que vive uma família de mulheres negras, que iremos acompanhar ao longo da linha do tempo por várias gerações.
2. Você pode contar um pouquinho sobre seu processo de criação do livro, como surgiu a ideia para ele e se existiram desafios pessoais a serem ultrapassados?
[Valquíria Vlad] O livro surgiu a partir de uma pautada muito pertinente colocada pela @dayescreve, que é a da baixa diversidade no catálogo das agências e editoras brasileiras e, em especial, o baixo número de autores negros agenciados no Brasil. A partir disso, a Increasy abriu um formulário de submissão focado em vozes negras e de lá, três escritoras foram selecionadas (eu inclusive) para se unirem a outras três autoras já agenciadas para escrever um livro juntas, a doze mãos. A partir daí, foi uma sucessão de Google Meets e trocas no Whatsapp para fazer a ideia funcionar.
3. Me conta sobre a mensagem principal que você queria compartilhar com as pessoas!
[Valquíria Vlad] O meu conto vem trazer a história de uma jovem que está entrando em trabalho de parto no meio de uma das maiores enchentes em décadas. Como ela mora em uma região de risco, acaba ficando isolada sem ter como sair de casa e sem receber assistência. Nisso, vamos atravessar vários assuntos, desde o racismo ambiental à solidão da mulher negra, além de uma bonita reconexão entre a protagonista e sua avó.
[Mariana Chazanas] O meu conto é sobre uma menina que sonha em ser marceneira e conhece outra que sonha em ser professora. A história se passa nos primeiros anos pós-abolição, quando teoricamente os negros estavam livres pra viver como quisessem, mas na prática ainda tinham que enfrentar uma infinidade de barreiras. Então pra mim é um conto sobre construir a vida que a gente quer ter, procurar o próprio lugar no mundo e, se esse ele não existe, construir esse lugar na marra, e sobre como cada conquista deixa o caminho de quem vem depois um pouquinho mais fácil.
[Karine Ribeiro] Meu conto é para todos aqueles que, com a intensidade do cotidiano, sentem que perderam uma parte importante de si mesmos. É uma canção de amor a essa (re)descoberta do eu.
4. Qual foi a melhor parte de publicar Às Margens do Tempo?
[Valquíria Vlad] Escrever. O livro, sem dúvida, queria existir exatamente assim, do jeitinho que foi publicado. Durante o processo, nós produzimos nossas histórias individualmente - claro que cientes do enredo maior -, e nos surpreendemos com a facilidade que as histórias se encaixaram. Foram necessários pouquíssimos ajustes e detalhes minúsculos já estavam lá, em todos os capítulos, sem que tivéssemos combinado antes. Foi realmente uma experiência de escrever à doze mãos, estávamos muito conectadas, e o leitor vai ter essa mesma sensação durante a leitura.
[Mariana Chazanas] A melhor parte foi a nossa conexão na construção da história, e o jeito como tudo acabou se encaixando. Todo mundo tratou o livro com muito carinho, fazendo as pontes e as costuras de uma forma que acabou ficando muito coesa. A parte da publicação em si foi incrível, é claro, e ficou um livro lindo, mas acho que o mais satisfatório foi pegar o texto pronto e ver que estava do jeito que a gente tinha imaginado.
[Karine Ribeiro] Nossa conexão com a história, umas com as outras e a recepção dos leitores. É uma delícia ver que essa casa e essa família que tanto nos marcou (e que nos reuniu tão lindamente) segue emocionando todos aqueles que entram em contato com elas.
Às Margens do Tempo está disponível na Amazon em versão e-book e também física (e a capa é maravilhosa, inclusive): pra conferir, é só clicar aqui!
rodapé
Obrigada por ler até o fim, Glitter, lembre-se que esse espaço é nosso e, sempre que quiser, você pode deixar seu comentário ou responder este e-mail que ficarei feliz em te ler.
A gente se lê no próximo capítulo, às quartas, na hora do chá ✨-✨