Capítulo 55: a nostalgia é a melhor emoção (e divertida mente prova isso)
+ entrevista pocket com Samanta Flôor
nostalgia é a emoção da vez, há muito tempo, inclusive
miolo
Ontem (finalmente) pude assistir a Divertida Mente 2 e entender toda a hype de uma das animações mais incríveis da Disney Pixar.
A grandiosidade do que vemos tanto na primeira animação quanto na segunda não é sobre um visual lindo, colorido e uma história que toca o coração. Quero dizer, é também sobre isso, mas a chave central de Divertidamente 2 está na identificação que a história é capaz de proporcionar.
Mesmo que você não tenha os mesmos gostos e realidade da Riley, é fácil se identificar com os dramas do crescer, com as mudanças e desafios que isso traz para as nossas relações.
Enquanto no primeiro filme a questão era mais familiar, a amizade passa a ser o novo centro das dificuldades da protagonista na sequência e, com isso e a chegada da puberdade, novas emoções são colocadas em cena: Ansiedade, Tédio, Inveja e Vergonha.
Porém, tem uma décima emoção que aparece rapidinho no trailer e também na animação, mas que já foi o suficiente para ser marcante: a NOSTALGIA!
Representada por uma idosa fofa e simpática, a nostalgia cumpre o papel de trazer um total de dez emoções na mente da Riley, mas, ao mesmo tempo, não deixa de ter uma colocação emblemática.
Além do fato de que eu descobri que a emoção que comanda aqui na minha cabeça só pode ser ela, a nostalgia, é interessante pensar porque já na adolescência ela aparece na mente da Riley.
Isso acontece porque a Riley acaba de sair da infância e entrar oficialmente na adolescência. Trocando em miúdos, agora ela se torna muito mais capaz de se sentir nostálgica, que é quando ficamos saudosas, com sentimentos de saudade de algo que já se passou.
Agora, enfrentando as dificuldades de ser uma adolescente, de crescer, Riley será também capaz de ter esses momentos guiados pela nostalgia, já que poderá traçar um paralelo entre seu eu de agora e a criança que já foi.
Algo bem interessante acontece quando sentimos nostalgia, já que a medida que nós envelhecemos, nossa visão do passado tende a ser mais saudosa, idealizada. O que gera a sensação, muitas vezes, de que no passado as coisas eram melhores.
É claro que esse é um recorte específico, não estamos falando de memórias ruins, de gatilhos, de acontecimentos traumáticos.
Essa sensação, porém, vai nos levar a ver o passado com mais bondade, e, ao mesmo tempo, nos levar a ser mais grata ou insatisfeita pelo presente ou futuro que nos aguarda.
E porque falo tanto da nostalgia, você provavelmente se pergunta a essa altura do campeonato… A questão toda é que a Nostalgia é também um elemento forte e incrível que vem sendo trabalhado e retrabalhado ao longo dos anos no marketing, exatamente porque ela é capaz de conversar intimamente com a gente.
Seja com sua inserção na cultura do conforto, seja com a estética, com o conteúdo, seja com a visão do passado. A nostalgia é um elemento capaz de transformar tudo que criamos, pelo simples (ou muito complexo) fato de que ela dialoga intimamente com nossas memórias e emoções.
Podemos falar da série Friends ou de Gilmore Girls, da banda Queen ou de eletrodomésticos antigos. Pode ser um material escolar dos anos 90 ou quem sabe calças boca de sino e um tamagotchi. Podemos até falar de Harry Potter que parece ter sido outro dia, mas já tem mais de vinte anos do primeiro filme, tanto quanto do Menino Maluquinho.
Cada grupo de pessoas terá suas referências nostálgicas que são uma fonte incrível de conexão entre elas, do grupo e até mesmo com marcas, ideias e histórias.
O mundo constantemente se reinventa e, para isso, ele recorre bastante à ela: a nostalgia de tudo que deu certo antes, porque olhar para o passado é também vislumbrar o que pode dar certo no futuro.
Por aí, você já assistiu a Divertida Mente 2 e conheceu a Nostalgia? Você pode deixar seu comentário aqui na news ou responder esse e-mail, é sempre um prazer te ler também.
as páginas nostálgicas de A Canção Fantasma
entrevista pocket com autora Samanta Flôor
Foi na Bienal de Quadrinhos de Curitiba de 2023 que, muito feliz, consegui minha edição autografada de A Canção Fantasma, da Samanta Flôor, publicada pela DarkSide Books. De lá pra cá, eu já li a HQ três vezes e tenho certeza que ainda a lerei mais um punhado de vezes ao longo da vida.
Sabe aquelas histórias que tem tudo para você amar e que você já se apaixona um pouco, mesmo antes mesmo de ler? A Canção Fantasma é exatamente assim e uma história que pode ser descrita com o tema da news de hoje: nostálgica.
Talvez você esteja pensando se ela é repleta de referências a músicas dos anos 80 ou de filmes adolescentes dos anos 90. Mas, apesar de não ter esses elementos mais comuns que nós associamos à nostalgia, a história é nostálgica de um jeito especial.
Um dos pontos facilmente relacionáveis é o fato de ter uma protagonista adolescente, nos transportando para dias diferentes do nosso hoje. Mas, A Canção Fantasma é especialmente nostálgica porque é uma história está repleta de memórias. Mais do que isso, é sobre como essas memórias são capazes de serem ressignificadas, como são capazes de nos despertar sentimentos e nos transportar para lugares e tempos melhores.
Por tudo isso, A Canção Fantasma é uma história para lá de nostálgica, apaixonante e com Selo Retipatia de Qualidade.
Acho que assim fica fácil imaginar minha alegria quando a Samanta Flôor, artista por detrás da HQ, topou participar da entrevista pocket da GLit, né!? ✨-✨
Agora que já escrevi um bocado, vamos deixar que a Samanta lhe conte detalhes incríveis de como foi criar esse gibizão maravilhoso:
“Saudade é algo que a gente sente todos os dias, pelo resto da vida. Mas a tristeza fica mais leve.”
O que você pode contar sobre o enredo e os personagens de A Canção Fantasma?
A história é sobre uma menina solitária que encontra um fantasminha
sem memória dormindo numa caixinha de música. Tanto o fantasma como a caixinha estão ligados com o passado da menina e juntos eles vão atrás das memórias dele. É uma jornada dupla: eles descobrem a história dele e o passado dela ao mesmo tempo. Ada é uma menina sozinha, mas ela é corajosa e aventureira e o fantasma Zeca, é mais medroso. Juntos eles se complementam. Ao longo da história outras crianças se juntam ao grupo e cada uma tem algo a acrescentar na procura pelas memórias do Zeca. Eu cresci com filmes de sessão da tarde e eu queria que tivesse essa vibe de crianças aventureiras!
Você pode contar um pouquinho sobre seu processo de criação da
história, das ilustrações, como surgiu a ideia para a HQ? Existiram desafios pessoais a serem ultrapassados nesse processo?
Eu comecei essa história faz anos, em 2017, por aí. Originalmente
seria uma hq tipo "slice of life" episódica, pra ser lida online. Mas a história foi crescendo, eu fui me perdendo e acabei abandonando o projeto. Pelo menos duas vezes eu comecei e desisti. Foi durante a pandemia, sem muito trabalho em vista e presa em casa que eu decidi voltar e me dedicar totalmente à hq. Dessa vez de forma mais organizada e estruturada: estudando sobre narrativa, escrevendo um roteiro (antes eu simplesmente ia desenhando direto, sem muito planejamento).
Me conta sobre a mensagem principal que você queria compartilhar com as pessoas!
Eu comecei pensando que o tema central da HQ seria memória, que é um assunto que me interessa muito. O conceito expandiu pra família e amizade e acabou num tema que eu não esperava: luto. Tem bastante luto na história, afinal, tem um fantasma, então o tema da morte está lá. Mas eu tentei abordar esse assunto de forma mais leve e talvez, com um pouco de humor. A morte faz parte da vida e eu acho importante tratar esse assunto com as crianças, mas sempre com muito cuidado e tato.
Qual foi a melhor parte de publicar A Canção Fantasma?
A melhor parte, sem dúvida, é o retorno que recebi das pessoas que
leram. Principalmente das crianças: cada vez que uma criança curte o gibizão e se inspira a desenhar, a criar: é aí que eu lembro porque gosto tanto de contar histórias.
Você pode conhecer mais do trabalho da Samanta Flôor aqui no Instagram e conferir a A Canção Fantasma na Amazon ou na DarkSide Books.
rodapé
Obrigada por ler até o fim, GLitter! A gente se lê na próxima quarta, na hora do chá. ✨-✨