a culpa é de quem mesmo?
miolo
Sempre que eu vejo um anúncio de marketing digital - geralmente me vendendo um curso que vai solucionar TODOS os meus problemas - a oferta é bem parecida: eu vou conseguir sim, desde que eu compre e siga o método x.
As formas de venda, os nomes, os gatilhos utilizados podem até variar, ganhar a roupagem da marca, da empresa, da pessoa, mas no geral, remetem ao mesmo ponto: eu não consigo alcançar x porque eu não sei fazer y, e com o curso z, eu vou conseguir!
É claro que, em termos de marketing, eles estão te vendendo a transformação: do seu eu de agora para o seu eu do futuro. Tá certinho, é isso mesmo que o marketing ensina.
Você vai de quem tem dificuldades para quem cria com facilidade. De quem não consegue ter views para quem viraliza seus conteúdos. De quem não vende para quem fatura XXXXXXXXXX dígitos.
Alguns vão até dizer que o problema não é a qualidade do seu conteúdo ou que o problema não é você. Vão dizer que vão entregar algo secreto, nunca revelado antes.
Só que ninguém explica por que é que nem todo mundo que realmente faz cursos, estuda, aplica, replica e se empenha, consegue viralizar, vender muito ou “decolar” o seu perfil?
A culpa é de quem está criando, né? Tá faltando carisma, tá faltando saber aplicar, porque o curso, ah, esse te deu o caminho já mais que mastigado!!! Como assim não deu certo pra você???
Dia desses em um grupo de um curso que estou, vi uma pessoa levantando esse exato questionamento: ela faz tudo, ela tem frequência, usa as fórmulas, os ganchos e segue as estruturas e todas as regras do jogo, mas nada decola.
A resposta sucinta: ah é porque esse tempo varia de perfil pra perfil, continua fazendo!
Se esse tempo pode variar a ponto de alguém se frustrar porque não vê os resultados prometidos, significa que ou esse caminho milagroso tem muitas variáveis que não foram explicitadas ou ele não é tão milagroso assim, né!? Ou quem sabe um pouco dos dois?
Quando a gente resume a criação de conteúdo a fórmulas secretas, a gente deixa de lado vários fatores importantes, que vão desde questões pessoais, a recortes sociais e econômicos.
Às vezes você está se comparando com alguém que tem o dobro de tempo de presença no nicho e que já se consolidou. Às vezes você se compara com outra mãe que tem uma rede de suporte enquanto você não tem. Às vezes você se compara com alguém que acaba de realizar um sonho, sem imaginar o corre e a labuta que teve até a pessoa chegar lá.
A gente nunca sabe o que acontece integralmente por detrás das câmeras de ninguém.
E, como se isso não fosse suficiente, existem outros muitos recortes sociais, políticos, econômicos, de gênero, cor…
Por exemplo, não dá para se esquecer que o algoritmo atua de forma racista ao replicar o comportamento dos próprios usuários [Leia sobre aqui; aqui e aqui].
Logo, não dá para dizer que o caminho para uma mulher negra ter destaque e reconhecimento será o mesmo que o de uma mulher branca.
Da mesma forma, esse recorte pode ser por gênero, já que apesar de existirem mais criadoras mulheres (cerca de 70% no Brasil), elas ganham, em média, 20% a menos que os homens. [Leia mais aqui].
Logo, também não dá para dizer que as mulheres terão que percorrer os mesmos caminhos que os homens para conquistarem seus lugares à sombra.
Além desses dois exemplos, existem diversos outros, basta ir alternando a lente que você vai enxergar outras nuances.
E tudo isso para dizer que, não, não é uma fórmula pronta e mágica que vai fazer qualquer @ ou qualquer pessoa despontar para a fama nas redes sociais.
A facilidade de acesso a bens e a riqueza que a internet traz, aquela sensação de que alguém gente como a gente conseguiu, traz sensação boa de que todo mundo pode. É fácil esquecer que casos assim são a exceção e não a regra do jogo virtual.
Tanto é que pessoas que alcançam o tal sucesso, muitas vezes não devem isso a curso x ou y, o que muitos falam é de uma receita própria que pode até ter sido temperada com uma pitada de sorte, mas que começou e deu certo por causa de muita dedicação, autenticidade e mão na massa.
Por isso, a venda dessa ideia e fórmula pronta, de caminho certo e replicável, é sempre complexa: pode até funcionar para alguns, mas as redes sociais não são um mundo mágico com oportunidades igualitárias e regras óbvias para todos.
Se fosse assim, todo mundo que se empenha já estaria vivendo a vida dos sonhos, falando dos temas que quer, criando o que quer a partir de três passos rápidos.
Outono Criativo
o primeiro desafio da GLit | quarto ritual
Definitivamente a news ganhou um tom - quase - pessimista e parece que estudar não vai dar resultado nenhum, né!? 👀
Na verdade, como boa compradora de cursos que sou, também sou alguém muito frustrada ao encontrar nesses espaços conteúdos sem profundidade, aplicabilidade e que desconsideram as muitas realidades das pessoas e dos seus nichos.
Ao mesmo tempo, sei que, quando encontramos bons conteúdos, bons cursos, também somos surpreendidas: a gente fica imersa, aprende, anota um monte, se empolga e tem várias e várias ideias.
A verdade é que, quando encontro algo assim, me sinto verdadeiramente realizada: eu não encontrei uma fórmula, mas um caminho possível para aperfeiçoar o meu trabalho.
Ao mesmo tempo sei que nem sempre a gente consegue colocar tudo em prática, seja porque perdeu uma informação, se esqueceu dela no meio das suas anotações ou porque deixou aquela ideia preciosa para o momento ideal e… adivinhe só!? Ele nunca chegou!
O ritual da semana parte de tudo isso e é também um lembrete para você colocar as coisas em prática ao invés de só imaginar como elas seriam. Você está pronta, GLitter?
#4 Outono Criativo: abrindo seu baú
A proposta do ritual dessa semana é um pouco diferente: você precisa recorrer aos seus baús de tesouros para procurar insights e ideias antigas que nunca tirou do papel para trabalhar nela.
O que você vai precisar para o seu ritual:
Seu baú de anotações: cadernos, agendas, blocos do celular e computador, bloquihos, rascunhos soltos, anotações de aulas, cursos, podcasts e afins.
Coisinhas aconchegantes pra deixar seu momento mais criativo e imersivo: vela acesa, bebida gostosa, um docim, uma musiquinha…
O ritual abrindo o seu baú
Mão na massa: mesmo que você não tenha tempo de fazer a versão final do seu conteúdo, foque em: 1. selecionar a ideia que vai executar; 2. criar ao menos um rascunho dessa ideia.
Dica: não precisa ser algo enorme, como criar um novo projeto literário do zero ou escrever um livro inteiro.
Vamos pensar em algo de execução de curto prazo. Sabe aquele conteúdo que você vem cozinhando faz tempo? Aquela ideia que nem lembrava que existia?
Anota, faz uma brainstorm, pesquisa o que precisa, testa formatos. Cria ao menos um roteirinho pra você fazer a arte, foto ou vídeo depois. Escreve e deixa a energia das ideias fluírem. Transforme ela em algo totalmente seu.
Você pode recorrer a esse ciclo sempre que estiver sem ideias, sei que você tem muitas anotadas por aí.
E essa, em especial, é fruto de um momento de aprendizado que fez sentido para você e, agora, você acaba de transformá-la em algo totalmente seu. Ela te pertence e foi ao mundo de uma forma única e sua, porque você aprendeu e a transformou em algo novo: é sua própria pitada de autenticidade.
Como funciona o Outono Criativo?
Para participar, basta que você faça o ritual, registre uma etapa, pode ser em foto ou vídeo - como for mais confortável para você - e compartilhe no seu stories do Instagram marcando o @retipatia com a #outonocriativo.
E, se quiser me contar como foi seu ritual e se esse processo fez sentido para você, Glitter, é sempre um prazer te ler: você pode responder a esse e-mail, deixar um comentário ou falar comigo pelo Instagram no @retipatia.
rodapé
Obrigada por estar aqui e por ler até o fim, GLitter!
Se quiser deixar seu comentário ou responder a este e-mail, saiba que é sempre um prazer te ler também.
A gente se lê no próximo capítulo, às 17h, com uma xícara de chá de companhia e muitas ideias na cabeça.