correspondências para criadoras
você tem uma nova mensagem, GLitter!
Já faz um tempo que percebo um chamado para criar um espaço da GLit que seja uma espécie de ampliação da news.
Mas, no meio de tanto conteúdo de marketing lotando os feeds e conteúdos consumidos superficialmente e sem pausa, sempre me pego pensando no que pode fazer sentido para eu, que escrevo e para você, GLitter, que lê.
A newsletter sempre veio na contramão de conteúdos efêmeros, afinal são textos longos, não escritos para agradar o algoritmo, mas para compartilhar vivências de criadora para criadora.
Nesse processo, percebi que pequenos insights recorrentes, ideias e inspirações pontuais acabavam sem lugar por aqui.
Já tentei criar e manter um Instagram exclusivo pra GLit, mas sendo uma criadora-escritora-artesã que é a única responsável por todos os processos e conteúdos e que ainda tem seus outros corres e vida pra dar conta, a manutenção se mostrou insustentável.
Seria um sonho conseguir cultivar um espaço totalmente dedicado a GLit? Com toda certeza! Mas enquanto a gente tem apenas uma euquipe na GLit, é um sonho que precisa esperar.
Foi pensando em tudo isso que surgiu o Correspondências para Criadoras.
Um canal com cartas sobre inspirações, referências, reflexões, algumas doses de surto momentâneo, é claro, e espaço para você comentar, conversar, trocar ideias, compartilhar seus sentimentos, inseguranças, experiências e vivências.
Por isso, a news de hoje é um convite para você entrar e participar do canal no Instagram Correspondências para Criadoras: o espaço mais cozy, criativo, mágico e cheio de glitter que você vai encontrar na internet.
Ah e, claro, a primeira correspondência já te espera no canal, GLitter! ✨-✨
é tempo de quentão, pipoca, canjica e, claro, Anarriê!
entrevista pocket com a autora Amanda Gambogi
O clima junino é um dos meus favoritos do ano. Junta inverno com o montão de comida deliciosa típica das celebrações juninas e tudo que eu quero é estender esse período por mais alguns meses.
A boa notícia é que sempre dá pra alongar a festança com uma celebração julina e, claro, é sempre possível recorrer a boas histórias com o clima típico dessa época do ano.
Foi procurando histórias com esse clima que uma amiga me indicou o conto Anarriê: um conto junino, que foi lançado neste mês e prometia não apenas referência ao festejo que tanto amamos, como também, protagonismo autista.
Com um gancho adorável de loop temporal, Amanda conseguiu unir o melhor do clima junino, representatividade e uma jornada divertida e deliciosa de acompanhar.
Mas, ninguém melhor para contar pra gente um pouco mais de Anarriê do que a própria autora. Por isso, pegue seu chazim e vem ler a entrevista com a Amanda Gambogi:
“Acho que eu faço parte da minoria da população brasileira, e nem é porque sou autista, mas porque eu prefiro mil vezes as festas juninas a Carnaval.”
1. O que você pode contar sobre o enredo e os personagens de Anarriê: um conto junino?
Anarriê surgiu numa necessidade minha em abordar o autismo em adolescentes. Atualmente, eu faço Pós-Graduação em Autismo em Adultos e Adolescentes e sabemos que existe pouco sobre autismo em adultos na literatura, mas, em adolescentes, tem menos ainda! Confesso que fiquei meio nervosa ao escrever essa história, já que, apesar de ter bastante contato com adolescentes, o linguajar e o hábito dos estudantes de Ensino Médio hoje são bem diferentes do que eram em minha época de estudante, porém aproveitei cada parte do processo. Assim que Ana Júlia começou a tomar forma, tudo fluiu muuuito bem! Ah, e eu sempre quis escrever um conto junino, porque sempre vemos muito sobre Natal e Halloween, mas nada nessa época tão gostosinha que é junho (e julho), então não pude perder essa oportunidade!
2. Você pode compartilhar um pouquinho sobre seu processo de criação da história, como surgiu a ideia para o livro? Existiram desafios pessoais a serem ultrapassados nesse processo?
Olha, Anarriê foi uma espécie de surto (risos nervosos). Decidi que escreveria esse conto no dia 13 de maio e, bem... lancei no dia 12 de junho (um dia antes do previsto!). Não sou o tipo de pessoa que funciona melhor sob pressão, mas, dessa vez, deu super certo! Consegui escrever a primeira versão do conto em 8 dias, tendo até parado no hospital no meio do processo (o que me levou a operar ontem, dia 22, de endometriose profunda). Por sorte, os profissionais que trabalharam no meu conto embarcaram nesse surto e fizeram um trabalho impecável em tão pouco tempo! Sobre a ideia da trama, bem... digamos que fui uma adolescente que fez alguns pedidos para Santo Antônio durante os meses de junho...
3. Conta sobre a mensagem principal que você queria compartilhar com as pessoas!
A mensagem que sempre busco passar em meus textos é: autistas também vivem romantasias. Autistas são crianças, autistas são adolescentes, autistas são adultos, autistas são idosos... e todos podem viver romances mágicos! Mas, quando consegui meu diagnóstico de TEA, o único livro de ficção lançado com protagonismo autista em português que chegou a mim foi Os Números do Amor, da Helen Hoang. É um livro adulto e sem nenhuma fantasia. E, eu? Eu gostava de ACOTAR, O Príncipe Cruel, Os Noivos do Inverno, A Bússola de Ouro (e vários nacionais, que fui, inclusive, gostando mais com o passar do tempo)... então porque não me via nesses personagens? Cadê os autistas na fantasia? Não achei, então fui lá e escrevi (ah, teve muuuuuito estudo sobre escrita e mercado literário nesse meio, também)! Bem, agora já tenho A inconfidência da magia (meu primeiro lançamento) e Anarriê (o meu favorito) lançados e alguns outros escritos que, infelizmente, ainda não posso dar spoiler...
4. Você pode revelar algum detalhe especial sobre Anarriê? Um easter egg, um segredo de criação, um detalhe aleatório...
Eu adoro easter eggs! O primeiro é o título: "Anarriê" é uma palavra francesa que significa "para trás" ou "de volta", então diria que combina 100% com o tema da história! Agora, sobre Chico, o papagaio. Ele foi inspirado no Fred, meu próprio papagaio (a espécie é diferente, mas ainda é um papagaio!), e a mãe de Naju, na minha própria mãe (que vive me pedindo pra parar de comer açúcar — e eu nunca paro). Ah, e teve a canetinha! Eu tive uma canetinha verde-água roubada quando estava no ensino fundamental e nunca superei (e não faço ideia de quem foi o ladrão...).
5. E sobre suas obras anteriores, os contos que já publicou e a romantasia A Inconfidência da Magia, o que pode contar pra gente? E sobre projetos futuros: já tem algo em mente? 👀
Os contos que publiquei foram todos escritos quando eu era adolescente (uma bem revoltada com a vida, acho que até mais do que Ana Júlia), então são bem críticos. Já A inconfidência da magia é uma novela que escrevi depois de passar um bom tempo na cidade de Tiradentes, na pandemia, na casa de meus pais. Sobre ela, posso dar um spoiler futuro: haverá uma nova versão bem mais madura e adulta! Ainda sem data, claro, mas está nos meus planos, pois, quando escrevi AIDM, eu conhecia pouco sobre técnicas de escrita e sobre mercado editorial, então queria corrigir algumas coisinhas e relançar em grande estilo. Ah, mas se você preferir livros mais levinhos, aconselho a ler por agora, porque depois o bicho vai pegar! E, bem, sobre obras futuras... já tenho duas prontas e estou trabalhando numa terceira. Vou dar apenas um pequeno spoiler: leia Mariposa Vermelha, da Fernanda Castro👀.
“Ainda preciso me acostumar com a ideia de que sinto por você algo doce como paçoquinha.”
Eu amei essa dica e já curiosa por todas as histórias que estão por vir. Obrigada Amanda por aceitar o convite para a GLit (e você acaba de me dar mais um motivo pra ler Mariposa Vermelha, que já estava na lista de leitura)!
Você pode acompanhar a autora Amanda Gambogi pelo Instagram @amanda.gambogi, pelo Substack
e encontrar seus livros na Amazon:Anarriê: um conto junino | A Inconfidência da Magia
rodapé
Obrigada por estar aqui e por ler até o fim, GLitter! A gente se lê no próximo capítulo, às 17h, com uma boa xícara de chá de companhia.