miolo
o que vem à sua mente ao ler a palavra criatividade?
para além do conceito, a ideia é aqui é pensar o porquê de você considerar algo criativo. ou não.
quando penso em criatividade eu penso em inovação, pessoalidade, autenticidade.
eu penso em algo que é totalmente novo (dentro da ideia de que nada é realmente novo no mundo) ou que, ao menos, me dá uma boa versão de algo que eu já conheço.
quando vejo ou leio um conteúdo que me desperta essa associação de forma natural, automática, surge esse sentimento de novidade, de uau. surge o uma espécie de elemento x, difícil de nomear.
não que ele trabalhe sozinho, porque acho que a questão da autenticidade, pessoalidade, estilo, forma, timing, vibe, unicidade, imaginatividade… tudo isso compõe o que é a criatividade.
mas existe uma ideia que é difícil de explicar e que funciona como aquele ingrediente especial. como aquele que o Professor Utônio sem querer colocou na mistura na hora de fazer as Meninas Super Poderosas:
o detalhe é que foi um acréscimo acidental. não era para elas terem superpoderes.
mas quando o assunto é um conteúdo criativo, significa que, sem querer, adicionamos o elemento x da criatividade nele?
afinal, independentemente se é ou não um conteúdo que eu chamo de criativo, foi utilizada criatividade para criá-lo.
porque criatividade é processo, ela não se resume a resultado.
sempre que falo sobre criatividade (com alguém ou em algum lugar), gosto muito de vê-la como um processo que nos leva à uma ação.
criar + atividade = criatividade
é aquela capacidade de fazer conexões de diferentes fontes e utilizá-las para algo em comum.
é sobre ter uma necessidade e tomar caminhos criativos para encontrar soluções criativas para chegar à um resultado criativo.
ou, como diria Elizabeth Gilbert em seu livro Grande Magia [Objetiva|2015],
criatividade é magia
minha definição favorita de criatividade é essa. porque ela explica, num termo que cabe um mundo inteiro e muito complexo, esse tal do elemento x. ele que torna algumas coisas, aparentemente, mais criativas do que outras.
é como se, em dados momentos, a gente conseguisse atingir um outro grau de criatividade e a magia da nossa criação extrapolasse a barreira do comum. um limite invisível.
porque criatividade é quando fazemos magia.
entrelinha
como você pratica a sua magia?
já que vamos tomar por base meu significado favorito de criatividade, eu quero saber como você pratica a sua magia.
gosto muito de imaginar a magia, ou a criatividade como um processo que a gente cultiva, nutre e pratica.
não é novidade o fato de que criatividade não é dom, e sim uma habilidade que todos possuímos. uns apenas acrescentam mais pó de fada à sua criatividade e permite que ela voe. outros gostam de mantê-las com os pés no chão.
mas em dada medida, garanto que somos todos criativos, cada um à sua própria maneira.
por isso que praticar a nossa magia criativa é sobre cuidar do nosso meio, de dentro e de fora.
o que serve, é claro, não apenas para o nosso trabalho de criação de conteúdo, mas também para a vida.
a ideia de criatividade como magia é tentadora, eu sei. parece algo surreal que temos em mãos (ou em mente). algo maravilhoso e ao mesmo tempo incontrolável e imprevisível.
talvez até seja um pouco.
mas de um jeito bom, porque assim, sempre que começo a criar algo, eu tenho ideias e expectativas em mãos. mas o resultado é misterioso e posso fazer incidir sobre ele toda a minha magia.
você já pensou em como isso é incrível?
como é algo surreal você posicionar um livro, tirar uma foto (que é uma das minhas tecnologias favoritas de toda minha existência) e em outra casa, em outro canto do país ou do mundo, alguém vai ver aquele momento, sob o seu olhar. e enxergar isso a partir do olhar dela, numa nova etapa da magia.
como é mágico que alguém, em outro canto que não sua cabeça, vai ler suas palavras e o amontoado de ideias que você modelou e considerar válido, interessante, energizante, divertido, emocionante e, porque não, criativo.
praticar a nossa magia criativa é abrir espaço para as ideias e a imaginação. é não cortar suas asas e arrancar as pequenas mudas que saem da terra.
uma das coisas mais interessantes que venho aprendendo sobre a minha própria magia criativa é que ela não tem limites, mas eu tenho.
é uma linha sutil, porque ela faz parte de mim, mas minha capacidade de ter ideias não equivale à minha capacidade de realizá-las.
ter formas de perceber isso é interessante, porque ajuda a suavizar a frustração que pode advir do fato da gente não conseguir fazer criar tudo que deseja.
recentemente, comecei um novo trabalho e, com ele, percebi que precisaria remodelar meu foco de energia para as coisas mais necessárias e importantes.
não apenas sobre as demandas que não são do trabalho, mas aquelas que também fazem parte dele.
tudo isso me ajuda a ter um pouco mais foco e, ao mesmo tempo, também a priorizar o que mais precisa da minha energia criativa.
em síntese, eu precisei de um acordo externo porque acordos comigo mesma apenas me fazem querer fazer mais coisas do que é humanamente possível.
a magia criativa entra aqui porque é ela que faz a gente perceber como é possível organizar e equilibrar nossas necessidades, obrigações e desejos e fazer caber nas horas do dia (e da noite e dos fins de semana de vez em quando, eu sei).
para além disso, entender como nossa energia criativa funciona é uma boa forma de entender nossas frustrações criativas. seja porque não consegui fazer por falta de tempo ou por achar que anda faltando a magia criativa.
quando falo de entender essa magia criativa, é sobre entender nossos picos de criatividade, nossos momentos de desânimo e o que nos inspira e incentiva a criar.
é uma forma de conhecer o nosso processo criativo. e, quanto mais nós o conhecemos, mais conhecemos a nós mesmas.
você já refletiu sobre como sua magia opera? como você chega a uma ideia, uma combinação, uma relação, uma imagem, um clique, uma arte, um texto.
e quando você extrapola a linha invisível do nível de criatividade, aquele que as pessoas também reconhecem de forma natural, o que acontece?
o caminho é diferente?
é algo que você gosta mais?
se sentiu mais inspirada, interessada, mais envolvida?
o que é o elemento x da sua magia criativa?
e eu fico por aqui nesse trechinho sem nenhum tipo de conclusão mágica ou resolução eficiente. mas, se por acaso alguma parte aqui fez sentido para você, minha magia criativa foi devidamente entregue.
contracapa
um dos temas que eu mais adoro ler e estudar é, sem dúvidas, criatividade. desde questões filosóficas e teóricas, até ideias mais práticas e cotidianas.
por isso, resolvi trazer uma listinha de títulos que podem interessar quem quer começar a ler sobre o tema.
são livros que eu já li e costumo revisitar quando preciso relembrar, reaprender, me inspirar ou checar alguma passagem.
trio Austin Kleon: quase todo mundo que fala sobre criatividade adora e recomenda esse trio. não sou diferentona, eu também recomendo:
Roube como um artista: 10 dicas sobre criatividade [Amazon|Unlimited]
Mostre seu trabalho: 10 maneiras de compartilhar sua criatividade e ser descoberto [Amazon]
Siga em frente: 10 maneiras de manter a criatividade nos bons e maus momentos [Amazon]
na vibe de conselhos curtinhos e de leitura rápida, tem também:
A vida é o que você faz dela: conselhos para pessoas criativas de Adam J. Kurtz [Amazon]
com ilustrações e textos do Gaiman, fala mais do que sobre criatividade, mas também sobre a vida e carreira de quem cria arte. adoro o texto faça boa arte:
Arte Importa: porque sua imaginação pode mudar o mundo de Neil Gaiman & Chris Ridell [Amazon]
para quem curte ler sobre criatividade em vários aspectos da vida, o livro esteticamente perfeito da dupla de irmãs Longoni:
Despertar Criativo: o caminho para criar sua própria vida de Amanda e Fernanda Longoni [Amazon]
e claro, para fechar com uma pitada de magia:
Grande Magia: vida criativa sem medo de Elizabeth Gilbert [Amazon]
p.s.: os links da Amazon são comissionados e, se por acaso você resolver fazer alguma compra por lá e acessar pelo meu link, agradeço muito. é uma forma de apoiar a GLit e meu trabalho também.
rodapé
se algo aqui fez sentido para você e quiser responder ou comentar, sinta-se em casa. ficarei feliz em ler você.
a gente se lê na próxima quarta.