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Capítulo XXI: duas histórias e o mesmo ponto de partida

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Capítulo XXI: duas histórias e o mesmo ponto de partida

e como os livros nos mostram caminhos para criar com autenticidade

Retipatia
Feb 8
1
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Capítulo XXI: duas histórias e o mesmo ponto de partida

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miolo

criatividade é fazer algo diferente, a partir da mesma coisa

terminei minha primeira leitura de fevereiro, que na verdade, teve metade lida em janeiro. o livro foi A Casa do Mar Cerúleo, de TJ Klune (Morro Branco | 2022 | Amazon).

durante a leitura, me peguei pensando em outra história que parte do mesmo ponto: O Lar da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares de Ransom Riggs (Intrínseca | 2016 | Amazon).

antes que os leitores e amantes de uma ou de outra, ou de ambas as obras venham dizer que estou absolutamente descompensada por fazer essa comparação, deixa eu destacar que:

  • são obras completamente diferentes, com um mínimo detalhe em comum (que será o ponto de partida do nosso debate de hoje);

  • A Casa do Mar Cerúleo foi favoritado por aqui, ganhou Selo Retipatia de Qualidade e é o tipo de leitura que a gente quer guardar num potinho (ou seja, recomendo muito a leitura);

  • a Renata que leu O Lar da Srta. Peregrine pela primeira vez, lá em 2016, gostou bastante do livro. a Renata que o releu em 2020, nem tanto;

  • por último, mas não menos importante, o debate aqui não é sobre enredo, plots, personagens e etc. logo, não vou dar spoilers das histórias, o fato que citarei é óbvio no título de um está em ambas as sinopses;

  • além disso, o objetivo aqui não é comparar qualidade das histórias, autores ou qualquer coisa assim, mas falar sobre as possibilidades que a criatividade nos abre a partir do mesmo ponto de partida.

assim, se eu precisasse resumir essas duas histórias em uma única frase e que é exatamente o ponto que as conecta, seria:

um orfanato para crianças mágicas

a simplicidade da frase nos permite percorrer vários caminhos, desde os mais óbvios, como que tipo de magia seria essa? uma coisa de usar varinha, meio Harry Potter, ou uma coisa mais Matilda? ou quem sabe mais como as irmãs Owens?

ou será que estamos falando de um orfanato para crianças que sabem fazer truques de mágica?

as possibilidades são infinitas, não apenas com base no que já conhecemos, lemos e gostamos, como também pode estar no desconhecido, no novo, no inusitado.

avaliando de maneira ampla, já deu para perceber que muitos caminhos são possíveis a partir dessa simples linha, certo?

é exatamente o que encontramos quando analisamos, conjuntamente, A Casa do Mar Cerúleo e O Lar da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares: são as diferenças que conectam essas histórias.

temos universos completamente diferentes, personagens completamente distintos. propósitos, sonhos, desenrolar da trama, conceito de magia, formas de utilizar essa magia, narrativa, foco da trama, plot, etc., etc., etc.

até mesmo os debates que são incluídos nas histórias e que entram em destaque não são os mesmos. e meio que alguns são… 😅

assim, é fácil imaginar como os caminhos podem ser múltiplos, diversos e diferentes na hora de criar uma história.

mas não apenas isso.

afinal, essa não é uma newsletter sobre escrita de livros.

a partir da correlação entre histórias tão distintas, podemos pensar a criatividade como um portal para uma criação mais autêntica, que dá mais voz à nossa individualidade, crenças, conhecimentos, estilo, causas e voz.

porque criar conteúdo também é sobre contar histórias. fazer a sua magia, sabe!?

seja quando você resenha um livro ou elenca algumas quotes que te marcaram durante a história, esses conteúdos e quaisquer outros, passarão, antes de mais nada, pelo seu estilo narrativo.

e, apesar de ser fácil pensarmos essa narrativa traduzida na legenda de uma postagem, ela não está presente apenas aí.

sua narrativa está nas cores, nas formas, nas imagens, na sua fotografia, no modo como você se posiciona, no modo como responde os comentários, nos emojis que você utiliza e até nos conteúdos de outros @’s que você decide compartilhar nos seus stories.

está no seu jeito, na sua história, memória e bagagem.

por isso, é possível ler resenhas completamente diferentes sobre um livro e perceber como ambas as pessoas o amaram (ou não). e como cada uma pode ter destacado mais, ou menos, determinados aspectos da história.

por isso é possível gostar do trabalho de várias pessoas que não se conectam ou são bem distintos, porque cada um segue sua própria narrativa criativa. o que não impede que eles se conectem e conversem com você.

assim, o ponto de partida ao qual me refiro aqui, é o literário, é o orfanato para crianças mágicas. é um que abraça a todas as criadoras que querem falar sobre conteúdo, e que cada uma opta, sem querer ou com intenção, como trilhá-lo.

um breve adendo: sei que as oportunidades do mercado literário para criadores não são igualitárias, seja por orientação sexual, gênero, raça, grupo étnico, deficiência, etc. por isso, quando falo em pontos de partida parecidos no nicho literário, é no tocante ao modo como expressamos a nossa criação.

ou seja, estou falando sobre modos de expressar quem somos e nossa realidade de forma autêntica, dentro da nossa possibilidade e, desculpe a redundância, também da nossa realidade. (é, estou falando em expressar a realidade pela nossa realidade).

assim, são aspectos que se conectam, mas diferentes. o ponto de partida de criação que entro em debate não é sobre o ponto de partida nada igualitário que o mundo nos coloca enquanto criadoras. é sobre como escolhemos criar.

e o que eu quero com todo esse papo sobre um ponto de partida em comum que trouxe duas narrativas criativas e muito diferentes entre si, ao mundo?

quero que você pense sobre qual é o caminho criativo que você adotou para a sua narrativa?

você tem buscado seguir seu próprio caminho ou tem buscado apenas no outro o que você queria para a sua história?

tem procurado referências demais e se perdido? ou tem se encontrado no meio de tantas outras narrativas que estão acontecendo na era digital?

quando falo sobre caminhos criativos e nossa própria narrativa, estou falando em autenticidade, mas também sobre nossas escolhas. criatividade não é apenas sobre ideias maravilhosas que caem do céu com conexões prontas para que levemos ao mundo.

criatividade é sobre realizar essas conexões e escolher as que mais se acertam conosco, com o que desejamos e buscamos.

a dificuldade às vezes reside em conseguir escolher, porque somos seres com diversos interesses, necessidades, sonhos e desejos.

às vezes ela está nas nossas limitações, no tempo, no que temos disponível e nos ideais que perseguimos.

ou também porque muitos caminhos parecem certos e seguros, fáceis de seguir. já outros parecem mais difíceis, mas talvez sejam mais a nossa cara.

alguns outros ainda são obscuros, difíceis de entender, já que você só consegue vislumbrar o que sua lanterna alcança. mas será que o caminho que vai melhor te refletir é a estrada do campo florido com céu azul e sol brilhante?

mais do que estilo, pensar na nossa narrativa criativa tem a ver com a mensagem que desejamos passar, seja ela em um único post ou no nosso trabalho como um todo.

tem a ver, também, com procurar dentro de nós as respostas que buscamos antes de dar um Google (ou fuçar o perfil alheio e se comparar). tem a ver com fazer escolhas mais conscientes na sua criação sobre o que te representa. ou não.

afinal, se estamos todos falando de literatura e dos mesmos livros - num conceito bem generalista da coisa toda -, você já parou para pensar o que torna o seu espaço, seu?

ou mesmo o que você tem mostrado de si nessa sua narrativa criativa que te permite se diferenciar das demais pessoas e te ajudar no processo de ser você nas redes? e quem sabe até te ajudar a se destacar.

talvez seja um caminho mais árduo, longo, e menos interligado aos números. talvez ele passe por uma estrada de tijolos amarelos. talvez até mesmo contenha livros voadores e mantícoras com espinhos venenosos.

pessoalmente, eu diria que tudo vai depender se você é uma criança mágica do orfanato da Srta. Peregrine ou do Sr. Parnassus. mas, o que realmente importa é que essa escolha pode ser completamente sua.

“qual o sentido de viver só fazendo o que os outros querem?” A Casa do Mar Cerúleo
em tempos conectados, altero um pouco a pergunta: qual o sentido de criar só fazendo o que as redes querem?

rodapé

essa foi sem dúvidas uma edição com muito mais perguntas do que respostas, eu sei, mas gostaria muito de saber o que você acha sobre expressar nossa narrativa através do nosso conteúdo. sinta-se livre para deixar nos comentários ou responder esse e-mail :)

obrigada por ler até aqui, a gente se lê na próxima quarta, GLitter! ✨💡📖

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