Capítulo 46: por que estamos tão obcecadas com clubes do livro?
+ entrevista pocket com Luly Lage
ou como diria Mariah, And I was like, Why you so obsessed with me?
miolo
É bem provável que não seja novidade para você que a Geração Z está apaixonada por livros e que o fenômeno do booktok é apenas uma parcela desse movimento que não apenas contribui para a venda de livros, mas para uma cultura de valorização da leitura.
No meio disso tudo, algo que não existe de hoje, mas que já pode ser considerado uma tendência são eles, os clubes do livro.
Para além da Geração Z, celebridades de várias idades lideram enormes movimentos com seus clubes do livro, como Natalie Portman, Reese Witherspoon, Emma Watson, Emma Roberts, Florence Welch, Sophia Abrahão, Dua Lipa e Gabriela Prioli em conjunto com Leandro Karnal.
Mas a questão que está por detrás do sucesso e da proliferação dos clubes dos livros tem muito mais, está longe de se resumir a existência de clubes de celebridades.
Um desses fatores é o fato de que as gerações mais novas se sentem solitárias, tem maior dificuldade em fazer amizades e buscam formas de se conectar de forma mais real, no online e offline.
A participação em clubes do livro entram justamente como uma forma eficaz e prazerosa de superar esses obstáculos.
É claro que existem recortes de realidades, por exemplo, no Brasil, em 2023, 84% da população adulta não comprou livros.
Então o debate é também geracional, já que cada uma encontra caminhos diferentes para lidar com os sentimentos e atribulações do mundo contemporâneo.
Mas, quando a gente coloca em foco as pessoas que de fato compram livros, a leitura está bem rankeada como uma das atividades de lazer favoritas. Ou seja, a leitura não está apenas presente na vida dessas pessoas, é algo que traz conforto em suas rotinas.
Dentro disso, vale lembrar que clubes do livro são portas de entrada de debates que, muitas vezes, não nos alcançariam de outras formas, como questões raciais, de gênero e de diversidade. Sentimentos que, muitas vezes, não experimentaríamos sob a nossa pele, mas que através das páginas nos tornamos capazes de entender, desenvolver empatia e compreender melhor as pessoas e o mundo ao nosso redor.
Todo esse furor e a ideia dos clubes do livro como tendência faz parecer que são coisa da atualidade. Mas a verdade é que eles não são exatamente uma novidade na humanidade.
Desde as sympósias na Grécia Antiga até os clubes de classes abastadas no século XVII, sempre houve a necessidade humana de se reunir e formar grupos a partir de interesses em comum.
Em outras palavras, de se conectar através de comunidades nas quais você se sinta realmente pertencente.
Acredito que esse movimento de retomada tem muito a ver com o momento mundial em termos políticos, culturais, sociais e econômicos.
O próprio movimento pós pandemia, que ressignificou e mudou o foco das pessoas, tornou quase impossível não pensar e buscar o que realmente é importante na vida de cada um. E não apenas em momentos pontuais, mas também quando pensamos em trazer mais significado e importância para o dia a dia.
Um clube do livro é um espaço para experimentar exatamente este tipo de vivência, através do encontro com o outro e com a gente mesma.
Mesmo para quem cria conteúdo literário, como eu e você, GLitter, esses espaços ajudam a ressignificar não apenas a leitura, como também a explorar facetas de um livro que, sozinhas, não conseguiríamos.
Mais do isso, integrar um clube do livro é uma forma de ter apoio, dar apoio e entender com proximidade os desafios de ser uma leitora nos dias tão conectados e atribulados de hoje.
mais que um clube do livro
Uma das coisas mais legais é que, quando esses espaços são também acolhedores e proporcionam conexões que vão além do propósito inicial de ler em conjunto, a gente chega em um termo que você com certeza já ouviu falar: comunidade.
Comunidades literárias criadas a partir de clubes do livro são espaços em que o movimento literário é maior: é sobre a leitura, claro, mas também é sobre todo o universo que a leitura é capaz de trazer para a nossa vida.
Uma comunidade que se forma de um clube do livro é sempre diferenciada, porque é voltada para a ideia de conexão, pertencimento e, especialmente, no caminhar juntas para desbravar a leitura e a vida.
É por isso que tenho o maior orgulho de, há três anos atrás, ter plantado a semente do que se tornaria o Coletivo da Retipatia, uma comunidade & clube do livro por assinatura que tem como objetivo ser livro para viver incontáveis vezes.
Ou, em palavras menos poéticas, tem o objetivo de trazer as experiências das páginas para o nosso mundo real com um universo próprio que incluiu um Colégio, Casas, criaturas mágicas, desafios, mimos temáticos e uma jornada perfeita para quem ama ler e desbravar mundos fantásticos, histórias aconchegantes e inesquecíveis.
Deixo um convite especial para você, GLitter, conhecer essa outra faceta do meu trabalho: você pode conferir todos os detalhes no nosso site ou no @coletivodaretipatia.
Qualquer dúvida, comentário, curiosidade ou outra coisa que você queira comentar e saber sobre o Coletivo ou papear sobre clubes do livro, lembre-se que você sempre pode responder este e-mail que suas palavras vão direto para minha caixa de entrada. E você também pode deixar seu comentário aqui na news, Glitter, é sempre bom te ler também!
os plots mais amados dos romances
entrevista pocket com autora Luly Lage
Eram tempos de usar o Flickr como rede social quando a gente se conheceu e foi tudo por causa de umas bonecas cabeçudas que colecionamos até hoje.
O único detalhe é que, muito provavelmente, quando lemos, nós imaginamos os personagens de romances fofos como bonecas para lá de fofas, o que só aumenta a fofurice das histórias fofas. Deu pra entender, né?
A convidada de abril da GLit já lançou vários livros, é best seller do Grupo Editorial Quimera e uma Charlotte da vida real, só que não em Nova York, aqui no Brasil mesmo.
Sua receita secreta para escrever histórias é segredo de Estado, mas posso garantir que envolve os tropes mais queridinhos, como o friends to lovers que encontramos em Eu te amo, Philip Parker!
Pegue um chá, dê o play e venha conhecer mais desta história pelo olhar de sua autora, Luly Lage:
"Os pássaros se afastaram, as árvores se mantiveram quase paradas, nenhuma formiga caminhou sobre as folhas. A mãe natureza concentrou todas as suas forças nas carícias de nossas mãos, no desespero dos nossos lábios, no bater do nosso coração."
1. O que você pode contar sobre o enredo e os personagens de Eu te amo, Philip Parker?
"Eu te amo, Philip Parker" tem como premissa inicial meu clichê favorito de todos: o "best friends to lovers"! A protagonista da história é a Lena, uma adolescente criada em uma família só de mulheres que se descobre apaixonada pelo seu melhor amigo, Philip Parker, que está namorando outra garota. A partir daí vamos conversando um pouco sobre adolescência, quebra de rivalidade feminina, homofobia em ambientes conservadores e, claro, o florescer da sexualidade que essa fase da vida traz com super força, tudo pelo ponto de vista de uma garota muito legal!
2. Você pode contar um pouquinho sobre seu processo de criação do livro, como surgiu a ideia para ele e se existiram desafios pessoais a serem ultrapassados?
A premissa do livro foi proposta pela Marianna Roman, do Grupo Editorial Quimera, pensada para ser um livro para eu escrever, mesmo! Ela propôs o enredo e o número médio de páginas, eu trabalhei na história a partir disso, criando os personagens secundários, cenários, dando personalidade pros protagonistas. Enquanto escrevia, o selo feminino da editora, RR Editorial, foi lançado, e o livro foi escolhido para inaugurar essa nova fase!
Pra mim foi um pouco desafiador escrever sob o ponto de vista de uma adolescente da geração Z sendo uma adulta millennial... Meu primeiro livro, "Wish You Were Here", foi pensado quando eu tinha 19 anos, a protagonista tem essa idade e se passa na mesma época, é muito mais fácil produzir dentro da nossa realidade, né? De repente tive que voltar no passado, porém no presente. O que eu fiz foi tentar colocar a vida dela dentro da minha da maneira possível, como a trilha sonora do Elton John, que adoro, por exemplo, e pesquisar muito onde não tinha como fazê-lo!
3. Me conta sobre a mensagem principal que você queria compartilhar com as pessoas!
Um lema muito forte que tenho carregado comigo nos últimos anos, direto das palavras de Belchior, é que "viver é melhor que sonhar". Foi isso que eu quis que fosse a essência da história de "Philip Parker", uma Lena apaixonada e que sonha em ser correspondida, sim, mas que se priva de viver por causa disso. Acho que deu certo!
4. Qual foi a melhor parte de publicar ou de republicar Eu te amo, Philip Parker?
Eu fui uma adolescente apaixonada pelo melhor amigo, assim como a Lena. Nossas histórias são muito diferentes e nada ali é baseado em fatos reais, porém temos esse ponto chave em comum. Por isso, antes de começar oficialmente, usei como fonte de pesquisa o lugar mais confiável que conheço para me aprofundar no assunto: meus diários dessa época! Li página por página de uma Luly que não existe mais, mas que ao mesmo tempo ainda sou eu, tentando me entender antes de entender a Lena. Foi tão, tão delicioso que fiquei triste quando acabou, parecia um livro que você está doida pra chegar no fim e teme esse momento ao mesmo tempo, sabe? Essa troca comigo foi minha parte favorita!
5. Agora, jogo rápido: conta pras GLitters motivo para ler cada um dos seus outros livros!
Meus livros são todos sobre amor. Amor que faz sorrir, amor que faz chorar, amor que traz alívio - amor que eu acho possível. Sem idealizar, mas também não poupando a romantização porque, no fim das contas, se a gente não romantizar o amor, vai romantizar o que, então? Além disso, gosto de escrever sobre o que sei, não necessariamente o que VIVO, mas no mínimo o que pesquiso. São leituras simples recheadas de "sentimento embasado", hahahaha, basicamente um resumo de mim!
Você pode conhecer os livros da Luly Lage nesta listinha aqui na Amazon ou pelo site da autora.
rodapé
Obrigada Luly por aceitar o convite para a entrevista e, claro, obrigada a você, Glitter, que leu até aqui, que chegou hoje mesmo ou em outros capítulos da GLit.
É sempre um prazer enorme escrever para você. A gente se lê na próxima quarta, GLiiter ✨-✨