um detalhe muito interessante sobre o alvoroço com o filme da Barbie é que vemos elementos importantes da cultura do conforto sendo trabalhadas.
a Barbie foi lançada em 9 de março de 1959 e, desde então, se tornou muito mais do que uma boneca: ela é um ícone capaz de inspirar crianças de várias gerações e, o melhor, evolui com o passar do tempo. particularmente, não conheço quem tenha mais profissões que o Bombril tem de utilidade. ela é realmente ímpar, e digo isso sem tom algum de sarcasmo.
porém, não dá para deixar de lado o fato de que ela representou e ainda representa um padrão e um estereótipo estéticos inalcançáveis para essas mesmas gerações, especialmente, para meninas e mulheres.
eu amava a Barbie, tive o privilégio de ter muitas bonecas, casa, carro, móveis e uma bagulheira danada. e, por mais que eu também gostasse de outras bonecas, ela sempre foi minha favorita.
sei que, no imaginário de muita menina e mulher, ela representou e ainda representa (e julgo que ainda vai representar) um ícone idealizado de perfeição.
mas, mesmo que ela represente parte desse mercado e sociedade repressivas em termos estéticos, ela não deixa de fazer parte das infâncias, dos gostos e do acalanto de olhar para trás e, muitas vezes, enxergar tempos melhores.
logo, a Barbie faz parte da cultura do conforto, porque, de um jeito bem único, é isso que a cultura do conforto faz: olha para trás passando pano para os aspectos de cada coisa que tentam colocar o des à frente do conforto.
é claro que o mundo atual ressignifica as coisas, que entendemos o passado e simplesmente apagá-lo é correr o risco de cometer os mesmos erros. mas o sentimento que surge através da cultura do conforto é possível exatamente porque passamos pano pro passado, deixamos ele lustroso e entendemos essa dicotomia complexa.
consequentemente, a indústria que anda surfando na onda da cultura do conforto, segue o fluxo trabalhando sempre a partir da ideia: como eu trago para o agora, o conforto que parece existir no passado?
ou, trocando em miúdos, como eu vou lucrar agora, em cima do sentimento que as pessoas têm pelo passado?
afinal, convenhamos, o live action da Barbie é tudo, menos feito para o público infantil os quais, por exemplo, ganham foco nas suas animações (é, elas ainda existem).
o filme é para quem quer ter um gostinho da infância, do passado, das partes boas dele, rememorado.
porque é assim que o mundo gira, a cultura do conforto se fortalece e a máquina continua a girar.
enquanto isso, aguardo o mês de julho para comprar meu ingresso e ter a minha dose de cultura do conforto nas telonas.
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a Barbie e porque a cultura do conforto adora passar pano
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um detalhe muito interessante sobre o alvoroço com o filme da Barbie é que vemos elementos importantes da cultura do conforto sendo trabalhadas.
a Barbie foi lançada em 9 de março de 1959 e, desde então, se tornou muito mais do que uma boneca: ela é um ícone capaz de inspirar crianças de várias gerações e, o melhor, evolui com o passar do tempo. particularmente, não conheço quem tenha mais profissões que o Bombril tem de utilidade. ela é realmente ímpar, e digo isso sem tom algum de sarcasmo.
porém, não dá para deixar de lado o fato de que ela representou e ainda representa um padrão e um estereótipo estéticos inalcançáveis para essas mesmas gerações, especialmente, para meninas e mulheres.
eu amava a Barbie, tive o privilégio de ter muitas bonecas, casa, carro, móveis e uma bagulheira danada. e, por mais que eu também gostasse de outras bonecas, ela sempre foi minha favorita.
sei que, no imaginário de muita menina e mulher, ela representou e ainda representa (e julgo que ainda vai representar) um ícone idealizado de perfeição.
mas, mesmo que ela represente parte desse mercado e sociedade repressivas em termos estéticos, ela não deixa de fazer parte das infâncias, dos gostos e do acalanto de olhar para trás e, muitas vezes, enxergar tempos melhores.
logo, a Barbie faz parte da cultura do conforto, porque, de um jeito bem único, é isso que a cultura do conforto faz: olha para trás passando pano para os aspectos de cada coisa que tentam colocar o des à frente do conforto.
é claro que o mundo atual ressignifica as coisas, que entendemos o passado e simplesmente apagá-lo é correr o risco de cometer os mesmos erros. mas o sentimento que surge através da cultura do conforto é possível exatamente porque passamos pano pro passado, deixamos ele lustroso e entendemos essa dicotomia complexa.
consequentemente, a indústria que anda surfando na onda da cultura do conforto, segue o fluxo trabalhando sempre a partir da ideia: como eu trago para o agora, o conforto que parece existir no passado?
ou, trocando em miúdos, como eu vou lucrar agora, em cima do sentimento que as pessoas têm pelo passado?
afinal, convenhamos, o live action da Barbie é tudo, menos feito para o público infantil os quais, por exemplo, ganham foco nas suas animações (é, elas ainda existem).
o filme é para quem quer ter um gostinho da infância, do passado, das partes boas dele, rememorado.
porque é assim que o mundo gira, a cultura do conforto se fortalece e a máquina continua a girar.
enquanto isso, aguardo o mês de julho para comprar meu ingresso e ter a minha dose de cultura do conforto nas telonas.