Capítulo 28: quantas vezes você se culpou por não criar conteúdo?
uma covid e uma viagem depois
miolo
as pausas que a vida nos obriga e nossa noção de falha
A última GLit veio ao ar dia 30 de agosto e parece que tem uma eternidade que não apareço por aqui.
Foram duas quartas-feiras em que todo o planejamento foi pelo ralo: na primeira quarta, não consegui deixar a edição agendada, antes de viajar e, na segunda, a covid me impediu de fazer qualquer coisa que não fosse ficar cansada.
O primeiro pensamento por aqui foi: mas Renata, você acaba de voltar de um grande hiato na produção e já está falhando de novo?
Falhar.
verbo transitivo
Fazer falhas em; rachar, fender, não acertar em.
Por outro lado, criar é verbo infinito porque é também um ciclo contínuo e, se a gente quebra esse ciclo, a autocobrança vem em cheio nos lembrar que isso é o mesmo falhar.
Havia duas vozes na minha cabeça: uma dizendo conscientemente que poxa, você viajou, fez tudo que foi possível antes, você já estava um pouco esgotada, você voltou com covid, você não estava bem e estava exausta.
A outra voz dizia: você tem x, y e z para fazer e não está trabalhando nos seus projetos, ou seja, você está falhando. De novo.
As duas vozes podem até não concordar uma com a outra, mas é sempre o ponto que voltamos no processo de criação: o fato da gente saber que algo maior do que a gente nos impediu de criar ou entregar o que desejávamos ou precisávamos, não nos impede de nos culpar.
Afinal, sentimentos não advém pura e simplesmente da nossa racionalidade e existe o nosso lado que sabe conscientemente que fez o que foi possível e o que se martirizou por não fazer.
A parte boa disso tudo (sim, ela existe) é que, quanto mais autoconsciência temos desse processo, dessa dicotomia, mais a gente consegue criar formas de encarar a criação (e nossas ausências e falhas) com mais leveza.
E, especialmente, é importante ter em mente que, tal como o verbo criar, ser capaz de encarar essa dualidade com mais leveza é também um processo cíclico e infinito.
Afinal, a jornada de criação é sim uma montanha russa, mas ela sempre pode nos mostrar uma vista incrível, de todos os seus ângulos. Depende, primeiro, para onde é que posicionamos a nossa roda gigante e o que temos à nossa frente.
biblioteca
babados do mundo literário, da criatividade e de qualquer outra coisa legal
o futuro da criação em 3 palavras
Uma matéria bem legal do TikTok fala sobre o que vai virar tendência no digital nos próximos anos.
A chave para entender o futuro foi resumida em três palavras: intencionalismo, escapismo e comunidades.
Não é lá muita novidade para quem se mantém antenada nos movimentos das redes: "intencionalidade" está em 11 de 10 cursos de marketing que você vai encontrar nos anúncios do Instagram.
Comunidades são uma das ferramentas mais utilizadas por influenciadores e marcas que querem se destacar no mercado, que já mudou muito a forma de consumo e venda nas últimas décadas.
E escapismo é realmente sobre a ideia de consumir o que te aliena, te leva para longe dos problemas e da realidade.
Especialmente quando o rolê é sobre comunidades e intencionalidade, são temas que tenho estudado muito ao longo de 2023 (sou aquela pessoa que faz 5 cursos ao mesmo tempo, mais alguém?).
Por isso, dessa vez, o espaço da GLit é todo seu: qual dos temas você gostaria que eu trouxesse na próxima edição da GLit:
Deixa seu voto na enquete, vou ficar feliz em saber sua preferência e, claro, trazer um conteúdo bem alinhado com essas ideias na próxima semana.
leia livros ruins
seu processo criativo agradece
Young Woman Reading (1896) de Alexandre-Louis-Marie Charpentier
Dia desses eu estava lendo um livro sobre marketing e a todo momento o meu pensamento era: gente, mas isso é superficial demais... Isso aqui é uma explicação muito tosca e ruim, não explica nada de fato. Por que todo mundo dá sempre os mesmos exemplos?
Ainda não terminei a leitura, já fiz várias anotações no livro sobre o que pode ser aproveitável e muitas reclamações (além de achar o conteúdo fraco, também tem uma divergência de abordagem entre eu e o livro, vale destacar).
Isso me fez lembrar de alguns livros de ficção que li e que não apenas não gostei, como achei ruim mesmo, sabe? E como esses livros ficaram, de certa forma, mais marcados na minha memória do que livros que foram boas leituras.
Acho que isso acontece porque o ponto de partida que temos quando achamos algo ruim é o fato de que temos consciência de que pode ser melhor. Ou seja, temos a capacidade de analisar e identificar os problemas e, especialmente, os pontos de melhoria.
No fim, acabei percebendo o quanto ler um livro ruim pode ser bem proveitoso, criativamente falando.
Na última semana, acabei me deparando com o tema na news de Austin Kleon, que trouxe uma reflexão de Alan Moore sobre como ler livros ruins pode ser um excelente ponto de partida para criarmos algo melhor, já que permite que a gente analise o que exatamente nos fez não gostar da leitura.
Acho que é também por isso assisto a tantos filmes ruins e gosto do processo: ainda que o filme seja péssimo, sempre é possível encontrar pontos de debate para melhorias e porque as coisas não se encaixam ou não funcionam naquela história. E sempre dá para encontrar caminhos alternativos e possibilidade a partir do que nos foi apresentado.
É a mesma coisa com livros e outras mídias: não precisa ser nada penoso ou torturante para você, é claro! Mas conseguir identificar os motivos pelos quais não gostamos de uma história, por exemplo, é um caminho criativo incrivelmente fértil e que pode também alimentar nosso processo criativo tal qual as coisas que amamos (quem sabe, até mais).
últimos dias da promo da Editora Wish
A promoção literária de inverno da Editora Wish está nos últimos dias e você pode garantir títulos selecionados com 30% off + 5% off com o cupom RETIPATIA5.
Para conferir os títulos apaixonantes da Wish, clica aqui (ao usar meu link/cupom você também apoia meu trabalho de criação e, claro, a GLit :)
Obrigada por ler até o fim e não esquece de responder a enquete dessa edição 🤎-🤎!
A gente se lê na próxima quarta, GLitter!