Capítulo 39: libélulas nadadoras & as coisas efêmeras: como deixar a nossa marca no meio de tanta coisa passageira
+ entrevista pocket com Taty Azevedo
se todo conteúdo das redes é efêmero, como é que deixamos a nossa marca?
miolo
Você pode ler o capítulo de hoje ou ouvir no áudio abaixo, GLitter (com barulho de obra ao fundo, que aumenta o charme):
A pergunta é pouco incômoda: como que a gente consegue deixar a nossa marca, a nossa mensagem, a nossa identidade, a nossa história, quando tudo é absurdamente efêmero nas redes sociais?
Mais do que pensar em tempo de vida de um postagem do feed ou do stories, vale lembrar que a cada minuto, apenas no Instagram, 66 mil fotos são upadas. No YouTube, a cada minuto os usuários sobem um total de 500 horas de vídeo.
É um mar infinito de conteúdo que não bate com as horas finitas de quem consome. Atrelado a isso, o tempo de vida de uma postagem é cada vez mais curto, porque, do contrário, essa conta não fecharia.
Não dá nem para simplesmente culpar os algoritmos, é matemática básica: se o volume de dados disponíveis só aumenta, como é que vou continuar entregando sempre o mesmo volume de dados para as pessoas?
Quando convidei a autora Taty Azevedo para a entrevista do mês de fevereiro aqui da GLit, eu voltei lá na minha resenha de Meu Querido Astronauta para rememorar detalhes da história e me deparei com uma passagem que tem tudo a ver com essa ideia, porque ela fala sobre o fato de que algo ser efêmero não significa que não tenha sido marcante para a gente:
“A gente não entende bem por que algumas pessoas passam pelas nossas vidas. Na hora, não parece ter um motivo, é uma coisa sem sentido, desnecessária. Mas aí elas vão embora tão de repente quanto chegaram e deixam um vazio que a gente nem sabia que existia antes de elas aparecerem. Então a gente descobre por que elas passaram pelas nossas vidas.”
Meu Querido Astronauta ♥ Taty Azevedo
Apesar da história falar de pessoas, de como elas vem e vão na nossa vida, acredito que isso se aplica a muito mais coisas na nossa existência: e o conteúdo é um deles.
Quando a gente pensa sobre continuar criando coisas que perduram tão pouco, a gente tem um pouco de uma visão romântica de que tudo na vida foi feito para durar.
É a ideia do felizes para sempre, aplicada como uma máxima para tudo que a gente gosta.
E que fique claro, eu sei que o sentimento de criar um conteúdo para ele rapidamente sumir da miríade dos feeds não é nada satisfatória.
Mas a verdade é que nada é eterno, e dá para achar um cadinho de consolo nisso.
A pergunta que talvez a gente se esqueça de fazer, é sobre:
O que eu posso dizer, mostrar, falar, escrever, em tão pouco tempo e espaço, que será o bastante para gerar significado para além da minha pessoa, que tenha significado para quem lê?
Eu sei, a resposta é complexa. Vai passar por várias questões, mas vai lembrar a gente de que nossa presença online não é uma coisa só, é a soma do amontoado de coisas efêmeras que compartilhamos.
E, por ser essa soma, é o que fazemos em cada pequeno pedaço efêmero que vai formar a imagem do todo e permitir que a gente seja lembrada, vista, reconhecida. É assim, em cada pequena coisa efêmera, que construímos quem somos no digital e nos tornamos capazes de deixar a nossa marca.
Na última news, falei sobre como é fácil procrastinar quando a gente não consegue ver os ganhos imediatos de alguma coisa, de alguma tarefa. Mas isso não vale apenas para o procrastinar, vale também para o fato de ser difícil ver a nossa trajetória e todo pequeno passo como algo relevante dentro do nosso trabalho.
Desanimar ao longo do caminho é um sentimento (infelizmente) comum demais, porque as coisas são sim difíceis, especialmente se determinadas formas de reconhecimento estipuladas pelo nicho, e não necessariamente por nós mesmas, não são alcançadas.
E também porque é muito fácil se esquecer das pequenas coisas, especialmente quando são efêmeras. Mas, vale sempre lembrar, elas não são menos importantes por isso.
Toda passo da sua jornada é importante, e tudo que você cria, pode ser um caminho para impactar pessoas, trazer significado para elas e, consequentemente, deixar a sua marca.
libélulas nadadoras, peixes libélulas, libélulas marinhas
entrevista pocket com autora Taty Azevedo
Será que faz sentido ET’s se parecerem com libélulas nadadoras, peixes libélulas ou libélulas marinhas?
Era 2019 e o termo cozy fantasy não estava para todo canto como é hoje, mas isso não significa que histórias assim não existiam. Esta não só existia como veio diretamente de outro planeta.
Relançada em 2023 pela Editora Paraquedas, a obra é o centro do bate-papo de hoje com a autora Taty Azevedo. Pegue um chá e vem conhecer o Meu Querido Astronauta.
“Então imagino libélulas nadadoras, peixes libélulas, libélulas marinhas.”
1. O que você pode contar sobre o enredo e os personagens de Meu Querido Astronauta?
Meu querido astronauta é uma história sobre aceitação e amadurecimento, temas bem importantes para todos nós na nossa fase de adolescência. A Maria Luiza (Lui), personagem principal, acha totalmente desnecessário tudo isso. Para ela, a gente deveria pular da infância para a vida adulta. Mas a vida não é como a gente quer, né? Então ela vai ter que aprender a atravessar essa fase. A Dai, melhor amiga da Lui, é o oposto. Ela ama ser adolescente! Imagina a confusão que não é as duas juntas! Para completar, o Pedro, o garoto popular da escola, volta das férias dizendo para a Lui que ele é, na verdade, uma ET de férias na cidade. Claro que a Lui-adulta não acredita, mas e Lui-adolescente? Para descobrir a verdade, só lendo o livro!
2. Você pode contar um pouquinho sobre seu processo de criação do livro, como surgiu a ideia para ele e se existiram desafios pessoais a serem ultrapassados?
A ideia do livro surgiu de um conceito central: a estranheza. Quando a gente entra na adolescência, sente um pouco de estranhamento com quem somos e quem estamos nos tornando. Afinal, é um período de muitas transformações. Eu quis brincar com esse estranhamento trazendo um personagem de fora, um alienígena, que vê tudo isso com mais leveza. Ao contrário da Lui, que luta para não passar por essa fase, o AlienBoy quer descobrir e viver todas essas confusões mentais e emocionais. Além disso, eu quis trazer questões que são possíveis de você viver em casa ou ver na casa do vizinho: famílias aprendendo a ser famílias, amizades sendo construídas, casa e comida de vó, embates em sala de aula, bullying, crescimento compartilhado... Eu me senti revivendo a minha adolescência. Não é um livro autoral, mas é uma história que pode acontecer em qualquer cidade do Brasil.
3. Me conta sobre a mensagem principal que você queria compartilhar com as pessoas!
Não acho que tenha uma mensagem específica. Na verdade, eu gosto de provocar sentimentos com a história. Para mim, o ato da leitura é um exercício de empatia e uma ferramenta de formação emocional. Quando imergimos em um personagem e em uma história, exercitamos nossas emoções e aprendemos com a vivência do outro. Por isso, a leitura desde cedo é tão importante. Acredito que nos tornamos pessoas e cidadãos melhores.
4. Qual foi a melhor parte de publicar Meu Querido Astronauta?
A melhor parte são as pessoas que conheci e ainda estou conhecendo por causa do livro. Amo escrever, adoro o processo de publicação, mas amo ainda mais me conectar com pessoas a partir da história que está ali. Em 2024, pretendo levar o Astronauta para mais feiras de livro e espero conhecer cada vez mais pessoas.
Você pode conferir Meu Querido Astronauta em e-book aqui (também disponível pelo Kindle Unlimited). E a edição do livro físico, que também está disponível na Amazon, você pode ver em detalhes no vídeo a seguir:
rodapé
Obrigada por ler até o fim, GLitter, é sempre um prazer escrever para você.
Lembre-se que você sempre pode responder a este e-mail que sua mensagem chegará direto na minha caixa de entrada. E você também pode deixar seu comentário por aqui que vou amar te ler.
A gente se lê na próxima quarta. ✨-✨