Capítulo 40: você sabe com quem está falando quando cria conteúdo?
por que falar com o público certo não significa necessariamente falar com o seu público
diga-me o que tu crias que te direi quem é seu público
miolo
Quando li a pergunta da Lais Menini na nossa caixinha de maiores dificuldades na hora de criar, um mundo de ideias passou pela minha cabeça:
Quem são as pessoas certas, o que elas leem, como se vestem, gostam de Taylor Swift, são millennials ou Gen Z, brochura ou capa dura, físico ou e-book? Nesta sexta, no Globo Repórter!
Brincadeira à parte, às vezes precisamos dar um passo ou dois para trás antes de conseguir pensar como é que a gente alcança essas tais pessoas certas.
Quando falamos em como alcançar o público certo, estamos partindo de vários pressupostos, como o fato de que eu já sei exatamente qual é esse público.
Afinal, para falar com alguém, preciso primeiro saber com quem eu quero falar, certo?
Partindo de um exemplo mais concreto, desde que criei a GLit, como uma newsletter, havia a certeza de que o público a ser alcançado, ou seja, o público certo, são criadoras de conteúdo do nicho literário.
Trocando em miúdos, quando crio, busco dialogar sempre com mulheres que criam conteúdo voltado para o nicho literário.
Mas isso ainda é amplo demais, não é? Então essa definição é como um primeiro parâmetro para o que é o público certo da GLit. Porque, é claro, vão existir outros aspectos que o compõem e me ajudam a definir e entender quem é esse público.
Isso significa que não haverão pessoas aqui que não criam conteúdo literário? Claro que não, mas o direcionamento do meu conteúdo é para o meu público certo, que são mulheres que criam conteúdo literário.
Mas, quero deixar claro aqui que conhecer o seu público não se resume a criar um modelo de persona e achar que ele resolve todos os seus problemas.
Não vai.
Especialmente porque isso é apenas uma parte do marketing digital e, quando não conhecemos mais do todo, pensar nesse único aspecto pode limitar, ao invés de ajudar seu processo de criação.
Ao mesmo tempo, é importante entender que nem sempre o público que temos hoje é o nosso público certo. Ou seja, nem sempre o público que tenho hoje é o público que quero alcançar e dialogar.
Seja por causa das mudanças naturais que acontecem no nosso conteúdo com o tempo, seja por causa de alguma mudança recente sua e/ou dos seus próprios seguidores, esse é um panorama que precisa ser considerado e analisado.
Especialmente porque aqui é fácil cair numa dicotomia:
Você vai criar para atrair o público certo ou você vai criar para o seu público?
Ok, sei que pode ter ficado confuso. Mas vamos lá.
Quando falo em criar para seu público, falo de quem já está presente, quem já acompanha e sabe do que você fala. Ou seja, você cria com base no que seu público deseja/precisa.
Aqui entra a questão e dificuldade de entender porque alguns conteúdos mais diferentes e novos, fora do habitual, nem sempre performam bem.
Isso acontece porque ele está fora do padrão de consumo do público que nós já temos e, tanto acostumar essas pessoas a esse novo tipo de conteúdo ou atrair quem goste, é super trabalhoso. E leva tempo.
Toda essa ideia nos leva então para o outro lado da moeda: criar para atrair o tão almejado público certo.
Afinal, isso vai implicar que, talvez, muita gente que eu tenha hoje como público, não faça parte do público certo (que é o meu objetivo), então por um tempo pode parecer que estarei apenas jogando mensagens ao vento.
Vamos para um exemplo para tentar facilitar as ideias.
Aqui na GLit crio para o meu público certo, porque desde o início, deixei claro que falaríamos sobre criação de conteúdo para creators literárias.
Mas, se eu tivesse começado a GLit falando de criação de conteúdo de modo genérico e agora quisesse criar para o nicho literário, precisaria reajustar a rota e começar a falar com e para esse público certo, que ainda não é o que eu teria, mas que seria o público que eu estava em busca.
Essa clareza de perceber quem é o público certo que você busca é um passo indissociável da parte de como alcançar as pessoas certas.
Se eu sei quem é meu público certo, eu consigo entender quais são as coisas que movem essas pessoas, os seus desejos e dificuldades, seus sonhos, suas crenças, seus hábitos, costumes, em quais redes essas pessoas estão e tantas outras coisas mais.
Entendendo essas questões é que será possível passar para a próxima etapa, que é também a pergunta da Lais:
Como alcançar as pessoas certas com o meu conteúdo?
A resposta curta é: conhecendo essas pessoas e criando conteúdo para elas.
Mas tá, como é que a gente faz isso na prática, no dia a dia, no corre-corre, na labuta, em meio a tanto algoritmo e tanto conteúdo sendo compartilhado?
Aqui, não existe fórmula mágica, existe processo, repetição, qualidade e teste (porque testar o que funciona para você e seu público sempre será importante e parte indispensável do processo).
A primeira recomendação é sobre ouvir o seu público, é sobre buscar sempre aprender e dialogar com as pessoas que já acompanham seu trabalho, seja 1, 10, 100 ou 1.000.
A segunda recomendação é um apanhado de conceitos, alguns que já citei, e que serão bem simplificados aqui, mas que podem nortear sua criação voltada para as pessoas certas:
Objetivos: saiba o que você pretende com o seu trabalho como um todo, e, especialmente, o que você pretende com cada criação, seja curtidas, comentários, seja a venda de um livro, novos seguidores, a divulgação de um lançamento, etc.
Simplicidade: não sobrecarregue seu público pedindo mil CTA’s, mil ações de curte, salva, compartilha, comenta, imprime, emoldure, etc. As pessoas tem tempo limitado e querem facilidade, ajude-as, não complique o que não precisa ser complicado.
Atenção & Ação: são dois princípios que podem te ajudar na hora de criar, porque, literalmente, falam sobre chamar a atenção e gerar uma ação. Às vezes, é fácil chamar a atenção, com uma foto bonita, uma pergunta curiosa ou outro tipo de criativo que você use. Mas como é que a gente mantém essa pessoa lendo, assistindo, entendendo e tudo o mais? A gente precisa reter a atenção dessa pessoa, e isso significa pensar em como eu convido as pessoas a continuarem a conversa comigo ao longo do meu conteúdo.
Teste: criar também é tentativa e erro. Sei que pode parecer cansativo, exaustivo (e, se a gente não se cuidar, pode ser mesmo), mas a gente só consegue entender o que está funcionando ou não quando testa as opções e alternativas.
Qualidade: isso é indiscutível, né!? Aqui não falo de qualidade de ter câmera profissional, de ter os livros da hype ou ser expert no Canva. Qualidade da sua entrega é sobre o que está no cerne dela, e ela passa por relevância, dedicação, conhecimento, estudo, aprendizado, conexão, realidade e muito mais. Isso vale mesmo se for um conteúdo de entretenimento, descontraído, tanto quanto se for um conteúdo aprofundado.
Repetição: a gente acha que todo mundo está vendo tudo que criamos o tempo todo. Mas, acredite, as pessoas não estão. Ninguém vê tudo que você posta no feed, nos stories e nas outras plataformas que você habita. Repetição é sobre reciclar conteúdos e também sobre reforçar nossa marca, identidade e visão de mundo para as pessoas. E claro, se você vende algo, nem que seja através de links comissionados, repetição também será lembrar o tempo todo que as pessoas podem utilizar/comprar.
Seu jeito: eu poderia ter escrito aqui autenticidade, mas, honestamente, o que eu quero dizer mesmo é pra você descobrir o seu caminho, o seu jeito de criar e chamar as pessoas para essa conversa. O seu jeito de chamar a atenção delas e fazer pararem de rolar o feed. Isso tem a ver com jeito que você fotografa, cria artes, escreve, usa as cores, etc. Tem a ver com o seu jeito de se expressar e ser quem é na internet. E, acredite, ele é valioso, porque, se é seu, ele é único.
Para fechar de um jeitinho redundante, mas objetivo (e agridoce), para alcançar as pessoas certas a gente precisa chamar as pessoas certas para a conversa no nosso conteúdo. E a gente só consegue fazer isso quando sabe quem são as pessoas certas que a gente procura.
Lembre-se que você sempre pode responder a newsletter que vou receber a mensagem direto no meu e-mail (ou deixar seu comentário por aqui). A GLIt é um espaço aberto ao debate, nada aqui tá escrito em pedra.
drops de GLitter
Tópicos rapidinhos, que valem o papo, o lembrete & tudo o mais!
Um passo para frente e dez para trás. Outro dia mesmo a gente celebrava o foco que a literatura ganhou durante o Carnaval, e hoje a gente lamenta e repudia a censura ao livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, vencedor do Jabuti 2021 e aprovado pelo PNDL:
Uma reflexão de uma frase que vale uma news inteirinha e que é quase um paradigma do que a gente falou no texto de hoje sobre saber com quem quero falar para saber como falar com essas pessoas. Afinal, o que você quer do Instagram, GLitter?
Novidades do Instagram
Finalmente o Instagram vai trazer o Creator Marketplace para o Brasil. Tá, mas o que é isso?
O Creator Marketplace foi feito para facilitar o processo de conexão entre marcas e creators. Ou seja, é uma ferramenta estratégica que funciona como uma ponte de entre marca e creator e que parte de critérios como audiência.
O anúncio do Instagram ocorreu no último 22 de fevereiro e inclui o Brasil nos países em que a funcionalidade será disponibilizada.
Sobre os critérios necessários para que se tenha acesso a ferramenta, o Instagram já adiantou que:
é preciso ter uma conta profissional;
ter mais de 18 anos;
seguir as políticas de monetização;
ter seguidores significativos.
Quantos seguidores efetivamente ele vai considerar como uma quantidade significativa ainda é um mistério.
Porém, se a gente partir de critérios que outras ferramentas da plataforma utilizam, a gente já imagina que não será nada menos que 10k, número que já foi critério para a disponibilização de links nos stories e é hoje para ter acesso às Assinaturas.
O que, é claro, provavelmente vai deixar muitos creators que fazem trabalhos incríveis de fora da jogada (nada novo sob o sol, não é mesmo!?).
Mas, lembrando que esse quantitativo é um chute da minha parte. Quando o Instagram der mais informações, compartilharei com vocês.
Outras novidades do Instagram são:
você agora pode editar as mensagens que envia pelo direct, no prazo de até 15 minutos após o envio (essa já tem um tempinho que já vem aparecendo aviso nos perfis);
você poderá fixar até 3 grupos ou chats no seu inbox (essa ainda não foi disponibilizada e é para contas profissionais);
você agora pode habilitar e desabilitar a função de mensagem lida nos directs, tanto para uma conversa em específico, quanto como configuração geral do seu chat. Para alterar a configuração de todos os chats, você deve acessar Configurações e Privacidade > Mensagens e respostas ao story > Mostrar Confirmações de leitura (utilize o botão para ativar ou desativar a função).
a GLit está crescendo ✨
obrigada a você, GLitter!
Aos poucos, a newsletter chega a mais pessoas e é surreal que um dia em 2022 tudo que existia era um sonho e uma ideia.
Dessa ideia, também surgiu uma necessidade de poder falar mais, ter mais trocas e a gente se manter em contato mais juntinho, sabe!?
É por isso que o Instagram da GLit foi reativado, está de cara nova e espera por você com muita coisa legal por vir:
Agora eu quero saber, você topa vir comigo nesta Glitter era?
rodapé
Por último, mas não menos importante, obrigada por ler até o fim, por estar por aqui e por criar conteúdo literário. Precisamos de mais gente lendo no mundo, e seu trabalho é importante, não importa quantos “seguidores significativos” você tenha.
A gente se lê na próxima quarta, GLitter ✨-✨