quais ideias você
guardaaprisiona dentro de você por medo do que o mundo o vai achar?meus medos e a revelação do projeto secreto
miolo
Às vezes parece que alguém já fez isso e você não conseguiria fazer melhor.
Às vezes parece que você será só mais uma na multidão.
Tem vezes que parece que será irrelevante, afinal, o que ainda não foi feito/dito/exposto/desenhado/elencado/estruturado nos dias de hoje?
Tem horas que os números te dizem que não, sua relevância é insignificante e não faz sentido você buscar isso.
E tem a voz que diz na sua cabeça: você não tem sucesso o suficiente para ensinar coisa alguma.
Quando terminei a primeira versão desse projeto e mostrei para uma amiga, ela disse: “você vai vender, né!?”.
Eu não lembro o que falei com ela exatamente, mas foi mais no sentido de que eu precisava usar e validar, ver o que realmente fazia sentido lá dentro, fazer os ajustes que viriam ao longo do tempo e do uso.
Isso foi em 2023.
Em 2024 criei um planejamento elaborado para colocar esse projeto no mundo: pautas de conteúdos, ideias mil a vapor, pensei em todos os passos, cheguei a criar alguns conteúdos aqui na newsletter.
Mas não falei uma única palavra que indicasse que a ferramenta seria lançada, que tinha algo vindo aí.
Síndrome da Impostora, é você?
Todas aquelas perguntas lá do começo me paralisaram: eu tinha certeza que não era bom o suficiente e que não seria relevante para ninguém além de mim.
Ao mesmo tempo, todo mundo que teve acesso a ferramenta ou pelo menos soube da proposta dela, disse que sim, é algo que fazia todo o sentido para o público, que teria, inclusive, interesse.
Quando 2025 chegou e coloquei como um objetivo bem amplo de fazer acontecer mais e adiar menos. Sem pensar muito, percebi que essa ferramenta deveria ser a primeira parte deste objetivo.
Mas foi então que uma voz interior me disse: você já perdeu o timing, as pessoas procuram por isso muito mais no fim do ano ou no comecinho do ano e janeiro já passou, fevereiro está aí e você já tinha que ter tudo pronto.
Essa voz, apesar de traiçoeira, também resumiu em poucas palavras o que eu temia: você quer é virar mais uma guru do marketing, Renata!
Não, eu não queria, e nem quero, porque quando penso nessa ideia, a associação imediata é de cursos e conteúdos que consumi e me deparei ao longo do tempo e que, no final das contas, apenas apresentavam uma fórmula pronta para vender curso que ensina a fazer curso para vender curso.
Silenciar e rebater essa voz interna que traz dúvidas e ativa nossa síndrome do impostora é um processo contínuo, da mesma forma que precisei entender que o meu medo talvez sempre estará presente na hora de apresentar algo novo e diferente.
Ao mesmo tempo, isso me permitiu lembrar que vale a pena aprender a caminhar com meus medos.
Isso porque o medo serve pra gente se preparar para o novo e o inesperado, para que a gente tenha caminhos e formas de lidar com o inesperado, mas ele não pode ser nosso único guia, do contrário, a gente paralisa.
É aquela boa e velha história do vai com medo mesmo, sabe!?
É por isso que estou aqui, com medo e tudo, escrevendo essa história, que foi permeada por altos e baixos, mas que finalmente veio para o mundo porque entendi quais eram as minhas travas e medos, e entendi também a relevância do que criei.
Como coloquei no Capítulo 57, criar conteúdo é também sobre ciclos e recomeços constantes, e entender o que faz sentido para você em determinada época exige entender que esse novo capítulo está começando.
E quero que você saiba, em primeira mão, que um novo capítulo está começando na Gentileza Literária.
Todo esse processo foi, na verdade, uma Jornada que precisei trilhar mais uma vez na minha história de criação de conteúdo, que começou há quase oito anos.
Essa clareza do meu momento e do que faltava para eu tirar essa ferramenta do papel e colocá-la no mundo veio quando percorri, mais uma vez, a Jornada pelos Capítulos da Criação de Conteúdo.
Uma Jornada feita de criadora para criadora, pensada não apenas para você organizar demandas de conteúdo e suas ideias, mas para te ajudar a transformar seus sonhos em objetivos e objetivos em realidade.
É por tudo isso que, com muito frio na barriga, mas também muita empolgação, posso contar que:
✨No dia 5 de março, às 17h, você será apresentada ao Planner Criadora & Criativa: sua nova ferramenta digital favorita, criada para te ajudar a trilhar a Jornada pelos Capítulos da Criação de Conteúdo.✨
E se você ainda não me acompanha no Instagram @retipatia, deixo o convite: por lá darei spoilers e mais informações ao longo da semana sobre o Criadora & Criativa.
do te amo às migalhas: os livros que você vai querer devorar
entrevista pocket com a autora Seane Melo
O primeiro contato que tive com a escrita da Seane foi lá em 2020, quando li Digo te amo pra todos que me fodem bem e me deliciei com a literatura erótica que foge dos padrões de CEO e cenas performáticas que encontramos em muitos contemporâneos (você pode até ler a resenha do livro bem aqui).
Seane escreve sobre gente como a gente, sobre relações reais e, claro, sexo real.
Em Digo te amo pra todos que me fodem bem, publicado pela Quintal Edições, a autora nos apresenta Vanessa envolta em toda instabilidade e complexidade que as relações amorosas dos dias de hoje carregam.
Já em Migalhas, que em breve será publicado pela Editora Patuá, Seane nos traz receitas de pão que nem sempre dão certo e passeia por duas facetas do ghosting: no relacionamento amoroso e na amizade.
Adianto que as duas obras são recomendadíssimas: Digo te amo para todos que me fodem bem ainda me traz memórias da leitura e da sensação de descobrir algo novo. E com Migalhas veio a sensação boa de revisitar uma escrita divertida, leve e descontraída, mas que não deixa de nos instigar e questionar a nós mesmas e o mundo ao nosso redor.
Nota: a entrevista foi concedida no ano passado, então as informações que autora relata sobre Migalhas e seus trabalhos são acontecimentos de 2024.
“Só sei que digo te amo pra todos que me fodem bem. Porque, no duro, quando eles fazem direitinho, fico achando que entendera alguma coisa muito íntima sobre mim e meus desejos. Fico caidinha mesmo.”
O que você pode contar sobre o enredo e os personagens de Digo te amo para todos que me fodem bem?
Eu gosto de apresentar a Vanessa dizendo que ela é uma jovem que só queria transar bem, mesmo sendo uma mulher heterossexual. Mas ao longo da história do Digo te amo, que é dividida em três partes (e três boys), a gente vai descobrindo o quanto pode ser difícil construir vínculos e intimidade com as pessoas com quem nos relacionamos.
A gente vai percebendo também as fragilidades e inseguranças dessa personagem e como ela tenta encontrar sentido pra sua vida em relacionamentos meio vazios. Contando assim parece triste, mas eu juro que não é, porque a Vanessa também gosta de rir da própria cara e não se leva tão a sério.
Além da Vanessa, algumas amigas aparecem. A que mais marca os leitores é a Luisa, quando a escrevi, imaginei como a personagem mais descolada dessa história. Ela é independente, bem resolvida e acolhe a Vanessa sem passar a mão na cabeça.
Os principais boys desse livro são quatro: "Ele" é um personagem misterioso que marcou a vida da Vanessa. Ele não aparece na historia, mas é lembrado algumas vezes. João é um contatinho que vive enrolando a Vanessa, ele se faz de difícil e não parece saber muito bem o que quer. Mateus é um cara por quem a Vanessa já foi muito apaixonada, é um exemplo de conexão imediata. E é claro que ele vai reaparecer na vida dela. Thiago é o último. Ele é daqueles que sabem bem que não querem um relacionamento, mas, e talvez por isso, é claro que vai ser irresistível. Ele é o "acontecimento" que vai ajudar a Vanessa a perceber o que tanto a incomoda nesses relacionamentos.
Você pode contar um pouquinho sobre seu processo de criação da história, como surgiu a ideia para o livro? Existiram desafios pessoais a serem ultrapassados nesse processo?
A ideia do livro surgiu sem ser uma ideia de livro. A Vanessa surgiu bem antes do Digo te amo. Há um tempo eu estava brincando de escrever contos eróticos, mas tinha dificuldade em encontrar minha voz.
Quando eu escrevia, parecia que estava imitando alguém. Foi então que tive contato com alguns livros que me deixaram interessada por uma escrita mais próxima da oralidade e, junto com isso, comecei a ensaiar um erotismo que fosse mais próximo do que eu conhecia e de como eu imaginava uma mulher falando de suas experiências sexuais.
Quando eu trouxe essa voz ficcional pra bem pertinho de mim, emprestando meu sotaque inclusive, senti que meu texto tinha fluído diferente. Acho que por isso muita gente me pergunta se as histórias da Vanessa são reais. Nenhum daqueles personagens existe, mas eles são recortes de várias pessoas e histórias que ouvi. Eles foram surgindo aos poucos, ao longo desse meu experimento em que passei a querer uma personagem completamente diferente do que lia nos clássicos eróticos. Uma mulher que não goza até se acabar, que não topa o primeiro convite pra uma suruba, mas que tem dias bons e ruins, como todas nós.
Pode parecer contraditório, afinal, o excesso sempre fez parte do gênero erótico. Mas, quando vivemos numa lógica de excesso e nos sentimos quase obrigados a estar sempre aproveitando, admitir um outro ritmo, um esvaziamento do prazer, também pode ser subversivo.
Me conta sobre a mensagem principal que você queria compartilhar com as pessoas!
O Digo te amo foi meu primeiro romance e foi construído muito organicamente. Se fosse escrever esse livro hoje, teria passado muito mais tempo pensado sobre o tema dele. O que talvez fosse ruim, rs.
Na época em que o escrevi, como estava muito focada em literatura erótica, queria construir uma versão (a minha versão) do que seria a sexualidade da mulher contemporânea. Queria uma representação mais próxima de mim e das minhas amigas.
Por esses dias, estava lendo o livro Melhor não contar, da Tatiana Salem Levy, e ela diz algo que resume o que eu realmente queria com esse livro:
"Aquilo que vivemos na intimidade, achando que só acontece com a gente, e por culpa nossa, acontece desde há muitos milênios com, se não todas, quase todas nós".
Assim, acho que a mensagem que eu mais queria passar para as leitoras era: você não está só, muitas mulheres se sentem como você e têm essas mesmas dúvidas. Acho que era uma ambição honesta e válida, ainda que pouco diversa e impossível (somos tantas!).
Quando vi o Digo te amo alcançando mulheres mais velhas, fiquei muito surpresa, mas ao mesmo tempo bem feliz por descobrir que as questões da Vanessa podiam tocar mulheres de diferentes idades.
Qual foi a melhor parte de publicar Digo te amo para todos que me fodem bem?
A melhor parte de publicar é ser lida! Ver o livro saindo da bolha das pessoas que já me conheciam e me acompanhavam pela internet. Ou ver ele surpreendendo amigos de infância e familiares.
Outra coisa muito legal que aconteceu foi a venda, durante a pandemia, de alguns exemplares do livro para o governo do Maranhão. Hoje, eles circulam nas bibliotecas públicas do meu estado. Às vezes alguém encontra, faz piada com o título ou lê e me escreve. Acho que ver o livro estar acessível assim tem um gostinho especial.
Você pode contar algum detalhe especial sobre suas outras obras e veículos de escrita, como seu trabalho na newsletter e no Medium? E projetos futuros: o que você pode contar para a gente?
Esse ano, cinco anos depois do lançamento do Digo te amo e após ter finalizado meu doutorado, eu decidi apostar mais no meu trabalho literário e acadêmico. Estou de licença do trabalho para realizar um pós-doc e, claro, meu plano é aproveitar esse tempo também para escrever as histórias que quero contar.
Eu tinha um livro inacabado, que começou a ser escrito em 2017. Antigamente eu o chamava de "Oi, Sumido". Cheguei a publicar partes dele na internet, mas, quando percebi que não daria conta de continuar com aquilo até o fim, desisti. Esse ano consegui concluir a história e estou muito feliz com todo o processo.
Hoje, eu o chamo de Migalhas e acho que valeu a pena insistir nele. Para falar a verdade, é surpreendente que eu nunca tenha pensado em desistir dessa história. Ao longo de sete anos, ela se transformou completamente e me obrigou a tocar em feridas e lembranças que eu evitava. Finalizei a primeira versão no começo de julho e, agora, estou retomando para preparar e revisar eu mesma, já que continuo sendo uma autora independente. Meu plano é disponibilizar em versão ebook o mais rápido possível!
Como você lembrou da newsletter (À) vontade, a partir desse mês, decidi explorar o tema comidas e afetos como uma forma de dar um gostinho do que é o livro Migalhas. E essa é a minha forma de convidar você e todo mundo a me acompanhar por lá.
Apesar de ser difícil desapegar das pessoinhas imaginárias das histórias que escrevemos, depois de finalizar Migalhas, comecei a procurar outros trabalhos. A ideia desse ano é realmente não economizar histórias. Junto com um ilustrador talentosíssimo, o Savron, estou construindo um novo projeto para uma HQ de ficção científica, claro, dentro dos temas que me interessam: mulheres, tabus, trabalho (não que eu goste de trabalho, rs) etc.
Espero que tenha dado para perceber que estou muito animada. É muito gostosa essa sensação de movimento. Mas não pensem que eu tenho todos os planos bem traçados. Continuo na tentativa e erro nesse caminho de criação literária. Por isso, espaços como o Gentileza Literária são tão importantes!
Queria aproveitar e pedir, pra quem ficou interessado no Digo te amo e nos meus projetos, para que me acompanhem e apoiem. Todo apoio é muito valioso pra mim e faz muita diferença. Vocês podem acompanhar o que produzo pelo Instagram e conferir todos os meus contos publicados online no meu site, que criei para funcionar como um arquivo. Volta e meia também tenho escrito sobre séries e livros por lá.
“Mas de tudo que achei na internet até agora parece que as histórias de ghosting envolvem coisas que estão dando certo, sabe? Tipo, ninguém reclama de ghosting depois de um date ruim. Em geral, tem o fator surpresa. As pessoas são surpreendidas com o sumiço porque tava tudo bem.”
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drops de GLitter
curadoria de conteúdo & etcétera para você
. Um livro escrito por IA deixa profissionais criativos preocupados (e não é pra menos, né!?). O debate rende, precisa render e precisa levar a ações regulatórias no mundo todo.
. A onda de influenciadores oferecendo um caminho rápido para a riqueza para crianças e adolescentes: os perigos dos discursos de deixe o estudo para lá!
. Um lembrete gentil de que não postar não significa que você não está criando.
rodapé
Obrigada por estar aqui e por ler até o fim, GLitter! A gente se lê no próximo capítulo, às 17h, com uma boa xícara de chá (e o lançamento do Planner Criadora & Criativa, claro ✨💡).