Capítulo 63: a inércia é que é sinônimo de morte
Outono Criativo + entrevista pocket com Laura Melo
“A lei da vida é mudar.”
outono criativo
miolo
"A inércia é que é sinônimo de morte. A lei da vida é mudar." Simone de Beauvoir
No capítulo anterior da GLit dei início ao nosso primeiro desafio criativo, que trará por seis semanas, um ritual criativo para você viver seu outono com mais leveza.
O nosso ritual do capítulo anterior falou sobre desapegar de ideias, de momentos, sentimentos e projetos que não fazem mais sentido para nós. Isso porque o outono também é exatamente sobre o desapegar daquilo que não nos serve mais.
Nosso segundo ritual se relaciona com outro dos significados do outono, algo que pode ser incrível e nos inspirar, mas que também pode ser assustador e nos paralisar: mudança.
Mudanças significam amadurecimento, desapego e abertura para o novo. E o outono é exatamente a época perfeita para acolher as mudanças que a vida nos propõe ou impõe.
Foi pensando nessa característica outonal que nasceu o segundo ritual do nosso Outono Criativo.
Como vai funcionar o Outono Criativo?
Teremos um ritual por capítulo da Glit, durante 6 semanas, para saudar o outono e nos inspirar a criar com mais leveza e criatividade.
Para participar, basta que você faça o ritual, registre uma etapa, pode ser em foto ou vídeo - como for mais confortável para você - e compartilhe no seu stories do Instagram marcando o @retipatia com a #outonocriativo.
Não tem uma data limite para você fazer, fique à vontade, só se lembre que no próximo capítulo, trarei um novo ritual e, se você deseja seguir, não deixar acumular vai te ajudar a não desistir no meio do caminho.
#2 Outono Criativo: a lei da vida é mudar
Você já entendeu o que precisava deixar para trás, agora é o momento de acolher as mudanças que aconteceram ou que você deseja que aconteça na sua vida.
O objetivo aqui é criar uma versão de uma mudança que aconteceu na sua vida ou quer você gostaria que tivesse acontecido, mas com um novo olhar: porque não será você quem estará vivendo essa mudança!
O que você vai precisar para o seu ritual?
um caderno, folhas ou bloquinho que dê para escrever à vontade;
lápis ou lapiseira para escrever à vontade.
É só isso, mesmo! Mas, recomendo que você tire alguns minutinhos só para si para realizar o ritual e se aventure a criar um ambiente acolhedor e confortável.
Você pode fazer isso com uma iluminação mais quente, com luminárias ou velas, selecionando uma playlist suave que te inspire e até mesmo com uma bebida que você ama e que te abraça. Não há limites ou padrões, é o que fizer sentido para você.
Se precisar de dicas para esse toque aconchegante, recomendo que você conheça o Guia Aconchegante para o Outono.
O ritual a lei da vida é mudar:
Tempo recomendado: 15 a 20 minutinhos
Sua primeira tarefa é pensar em uma mudança que aconteceu na sua vida nos últimos tempos ou em uma mudança que você gostaria muito que acontecesse.
Com essa ideia em mente, vem a segunda parte da tarefa: pegue papel e lápis e crie uma personagem que está passando exatamente por essa mudança: escreva uma cena que mostre esse momento, que reflita os sentimentos que essa mudança está trazendo para essa pessoa.
São sentimentos de alegria? São animadores e esfuziantes? São de calmaria? São de tristeza ou cansaço? Essa mudança a impulsiona ou paralisa? Como ela lida com essa mudança e tudo que acontece ao mesmo tempo, ao seu redor? E depois, qual o próximo passo dessa personagem?
Quando terminar de escrever, vem a terceira e última parte da tarefa: releia o texto com calma e reflita: o que você e a personagem têm em comum? O que você consegue ver agora que não via antes? Como essas mudanças impactaram a vida dela? Você sente mais empatia por ela ou por sua própria história? Quais outras perguntas surgem para você?
Você pode escrever os sentimentos que o ritual lhe trouxe se sentir necessidade ou vontade e também pode guardar essa cartinha para reler na próxima estação ou no próximo ano, e relembrar como foi essa etapa que você viveu ou que almejava vivenciar.
Se quiser compartilhar como foi seu ritual e se esse processo fez sentido para você, Glitter, é sempre um prazer te ler: você pode responder a esse e-mail, deixar um comentário ou falar comigo pelo Instagram no @retipatia.
o mundo outonal de Névoambar
entrevista pocket com a autora Laura Melo
No Rochedo, quando a névoa âmbar começa a se espalhar é sinal da chegada do outono, da época aconchegante, das colheitas, do retorno ao trabalho e da vida na cidade.
Antes disso, é quase como se o encanto da bela adormecida tivesse recaído sobre as vielas: uma névoa púrpura impede que as pessoas caminhem livremente e sigam suas rotinas.
A magia de Névoambar se mostra para nós em doses aconchegantes com receitas, trajes, uma cidade-personagem, alguns fantasmas e um mistério.
Nada para arrepiar ou te deixar sem dormir à noite: o cozy mistery de Laura Melo tem aroma de lavanda e de tortas de abóbora sendo assadas.
Para ser sincera, não me lembro quando conheci a Laura, não pessoalmente, mas nessas conexões de ouro que o Instagram faz e que parecem ter ao menos dois séculos.
Além de escritora, Laura também cria conteúdos no seu Instagram, indo desde o seu amor por k-pop a coisas peculiarmente aconchegantes.
Meu primeiro contato com sua escrita foi exatamente com Névoambar, que me ajudou a sair de um período de jejum de leituras no qual eu meu encontrava após uma mudança na vida para lá de atribulada.
Névoambar foi a dose de conforto que eu precisava e, além disso, o amor foi tanto que me inspirou a criar a primeira Coleção Pocket do Empório Retipatia.
Mas, melhor do que eu ficar aqui contando detalhes sobre a maravilhas de Névoambar, é poder trazer aqui a própria autora para contar mais desse universo maravilhoso e aconchegante: pega um chazim e vem ler!
"O sol havia acabado de nascer e o Armazém Lavanda já estava abrindo suas portas para receber os fregueses do dia."
O que você pode contar sobre o enredo e os personagens de Névoambar?
Sempre amei histórias estranhas, peculiares... Filmes, desenhos, livros — desde criança, tenho um fascínio por tudo dentro dessa temática e sempre quis criar algo meu nesse sentido. A Família Addams, por exemplo, sempre me encantou com suas frases controversas, obscuras e absurdas. Eu adoro o absurdo! O universo de Harry Potter é minha grande paixão. Também sou fã dos filmes de Halloween da Sessão da Tarde, Hocus Pocus, Coraline, Beetlejuice... Goosebumps, Alice no país das maravilhas (para mim é encantadoramente macabro e eu amo kk). Gosto dessas histórias assombrosas, mas que ao mesmo tempo te fazem querer se enrolar num cobertor e comer algo gostoso, bem aconchegada rs. Até o Castelo Rá-Tim-Bum, meu programa favorito da infância, teve um papel nisso. Ele não é macabro, mas tem aquela estranheza, aquela magia peculiar que eu amo (inclusive, vez ou outra, ainda assisto algum episódio). Acho que foi aí que tudo começou.
Então, em Névoambar, coloquei no enredo, no ambiente e nos personagens tudo o que me diverte, me acalenta e me intriga... Principalmente o humor deles, suas opiniões estranhas, suas reações nada convencionais. O jeito da família Lavanda enxergar o mundo, por exemplo, me encanta demais. Inclusive, minha frase favorita do livro é da avó Antonieta, que escolhi para a orelha da capa:
"Vamos torcer, minhas meninas, para que tenhamos mais um ciclo de sorte e paz. Do contrário... Bom, sempre apreciei um bom funeral." kkk
Porque eu gosto muito dessa atmosfera lúdica e obscura. Névoambar não é um lugar normal e seus moradores também não. Quando o livro furou a bolha, porque começaram a surgir vários clubes de leitura no Halloween, recebi alguns comentários de leitores que estranharam certas reações dos personagens ou como lidavam com determinadas situações. Bom… se você sentiu essa estranheza e isso te incomodou de alguma forma, então meu objetivo foi cumprido! rs
Você pode contar um pouquinho sobre seu processo de criação da história, como surgiu a ideia para o livro? Existiram desafios pessoais a serem ultrapassados nesse processo?
A história surgiu na pandemia, quando eu estava prestes a enlouquecer kkk. Escrever sempre foi minha fuga, meu ponto de relaxamento, então comecei jogando no papel pensamentos aleatórios. Aos poucos, foram surgindo formas, personagens, ambientes, e percebi que toda aquela loucura poderia muito bem virar um novo livro. Estar viciada em cozy mystery na época (e ainda atualmente rs) ajudou ainda mais. Eu queria algo aconchegante e misterioso, porque era o tipo de história que estava conseguindo me prender na leitura naquele momento. Se reparar bem, Névoambar traz alguns elementos sutis sobre o período horrível que vivemos durante a pandemia de Covid. Coloquei nele a "névoa púrpura", que impedia as pessoas de saírem de casa porque as deixava doentes, obrigando-as ao isolamento. Também inseri lendas amedrontadoras sobre essa névoa, histórias que ninguém sabia se eram reais ou não — tudo era muito desconhecido, coloquei um homem poderoso que se aproveitava da ingenuidade e crenças dos moradores... E, principalmente, fiz todos entrarem em festa quando setembro acabou e eles finalmente puderam ser livres, andar pelas ruas novamente, reencontrar os amigos, voltar ao trabalho. Escrever essa parte foi meu próprio desenho da liberdade, um escape enquanto eu mesma ainda não podia vivê-lo. Névoambar não trouxe grandes desafios para mim, porque foi meu refúgio. Era o meu momento de não pensar nas tragédias, nas perdas, no estresse. Escrevendo essa história, eu pude esquecer um pouco da realidade e isso foi, literalmente, mágico.
Me conta sobre a mensagem principal que você queria compartilhar com as pessoas!
É claro que amamos os fantasmas, o Halloween, os mistérios, as lendas e os assassinatos não solucionados! Mas Névoambar é sobre se libertar de padrões pré-estabelecidos, sobre se aventurar. Não falo de uma grande jornada épica, e sim de seguir o que faz seu coração vibrar, de se arriscar no cotidiano, de acreditar em si mesma, de ter orgulho de cada parte que faz você ser você, de ser curiosa e crítica. Coloquei todos os meus anseios e frustrações em Mágory, a protagonista, e também em seus amigos — todos movidos pelo desejo de mudança, de se desprender, de viver algo novo, mesmo com críticas e julgamentos, às vezes até sem apoio, mas ter coragem e força para mudar o que te entristece, ainda que seja no pequeno rochedo isolado do mundo. Porque toda pequena mudança que te aproxima da felicidade já vale a pena.
Qual foi a melhor parte de publicar Névoambar?
A melhor parte foi perceber que eu era capaz e aprender a ter orgulho do que faço.
Anos atrás, tive uma experiência horrível com uma editora ao publicar meu primeiro livro. Eles conseguiram destruir meu sonho e quase arrancaram de mim a vontade de escrever de novo. Mas naquele momento percebi que não podia colocar minha vida nas mãos de outras pessoas dessa forma. Escrever sempre foi minha paixão. Mesmo sendo um hobby, sempre levei a sério e me dediquei muito. Então, aquele primeiro livro se transformou em uma trilogia de fantasia (O Diário de uma Viajante Literária), e eu desisti de procurar editoras. Descobri que, mesmo de maneira pequena e orgânica, eu conseguia compartilhar minhas histórias com as pessoas que tinham gostos parecidos com os meus, o instagram e meu antigo canal no youtube ajudaram muito. E, a partir daí, nunca mais parei de escrever. Nem tudo eu publico, mas estou sempre escrevendo. Meus livros estão disponíveis em eBook na Amazon, que foi a melhor forma que encontrei para publicar sozinha. Então, quando terminei Névoambar, decidi que queria mais — e que conseguiria mais. Foi aí que resolvi lançar a pré-venda do livro em formato físico. Esse processo foi um grande teste para mim, um verdadeiro salto no escuro, muuuito desafiador mesmo — algo que a própria Mágory Lavanda faria! Consegui encomendar uma ilustração da Mágory para colocar no livro, que eu queria muito, e também uma grande amiga fez a revisão final do texto. Todo o resto fiz sozinha: a capa, a diagramação, as artes dos panfletos e brindes, a busca por gráficas, as vendas, os envios... absolutamente tudo! Já são três anos seguidos de pré-venda a cada Halloween! É um trabalho absurdo, chega a ser desesperador kkk, mas ver as pessoas recebendo cada pacotinho com tanto carinho faz tudo valer a pena. Isso me enche de orgulho. Sem dúvida, a melhor parte foi, enfim, aprender a ter orgulho de mim mesma.
Você pode contar algum detalhe especial sobre o Universo de Névoambar? E sobre suas obras anteriores? Projetos futuros: o que você pode contar para a gente?
Me encontrei de verdade nesse universo de cozy mystery e fantasia sombria. Existem tantos termos hoje em dia, mas toda essa atmosfera me inspira muito a escrever, então pretendo continuar nesse caminho. Ainda não sei se novos contos do universo de Névoambar virão. Como já disse, a escrita é um hobby para mim, e eu não me cobro nisso — já me cobro demais em todos os outros setores da minha vida rs. Então, quando eu escrever, será de coração, porque realmente acredito que aquela história merece ser compartilhada. Amo viajar pelo Rochedo e reencontrar aqueles personagens, então pode ser que, em algum dia chuvoso e frio (que, aliás, estou sentindo muita falta, porque não consigo ser feliz e inspirada nesse calor!), uma nova história surja! Tenho gostado de escrever os contos sazonais e fico feliz em ver o pessoal se divertindo comigo. Talvez venha um novo conto, um último conto — não quero que a história se torne cansativa também. Por enquanto, nenhum plano concreto, mas nunca se sabe o que podemos encontrar ao adentrarmos na próxima viela íngreme. <3
Você pode acompanhar a Laura pelo Instagram @cozylau e seus livros estão disponíveis na Amazon.
mudanças podem pedir uma pitada de organização
feito de criadora para criadora
O Planner Criadora & Criativa foi feito para tornar sua jornada de criação de conteúdo mais leve, criativa e constante.
Mas, mais do que organizar pautas e ideias de conteúdo, é um espaço todo seu para você se dedicar ao seu projeto e ainda conseguir flexibilizar e caminhar junto às mudanças que são inerentes ao viver!
rodapé
Obrigada por estar aqui e por ler até o fim, GLitter! A gente se lê no próximo capítulo, às 17h, com uma boa xícara de chá!