Capítulo XIX: cansei de criar conteúdo
e um convite para você
miolo
no fim do ano fiz uma grande organização na minha vida de criadora: criei várias páginas para cada projeto e nunca estive tão feliz de olhar para os meus layouts do Notion.
coloquei lá ideias, metas, sonhos, tarefas, pendências, objetivos, dados importantes e tudo que dá para imaginar sobre a newsletter, o blog, o Insta, o Tutube, o clube de leitura, escrita e por aí vai.
porém, apesar de eu ter criado alguns conteúdos em janeiro (que não chega a 10% das ideias anotadas e pendentes nas listas e na minha cabeça), eu comecei a pensar sobre o motivo por detrás da minha dificuldade em produzir.
porque, antes de mais nada, eu preciso deixar claro que a minha barreira têm sido na parte de tirar os projetos do papel de modo prático e condizente com a minha possibilidade de tempo, energia e vontade.
afinal, minha cabeça continua funcionando mais ou menos nesse ritmo aqui, tentando conectar absolutamente tudo que eu vejo com absolutamente tudo de tudo:
dica: assisti Top Gun Maverick (recomendo pela nostalgia) e agora tenho certeza de que o filme rende uma ótima tese sobre cultura do conforto sob a lente do cinema.
eu sei que existem fatores que a gente sempre culpa quando não conseguimos bater metas, cumprir as tarefas ou quando as coisas não saem como o planejado.
assim, posso enumerar vários culpados (que não eu mesma, claro ahaha):
.posso culpar meu perfeccionismo, tenho fotos e vídeos aos montes que nunca publiquei (sempre tive altos padrões de exigência para comigo em tudo que faço. com a criação de conteúdo é um pouco pior, sou crítica de modo muito pouco construtivo em relação ao meu trabalho);
.posso culpar a falta de tempo ou o meu gerenciamento de tempo (apesar de conscientemente sabermos que precisamos descansar, a cultura da produtividade ainda é muito forte na sociedade/cultura e isso se reflete nos nossos sentimentos e em como lidamos com o tempo. por isso, saber e sentir podem se desalinhar e nos deixar mais confusas);
.posso culpar até mesmo o fato de eu ter projetos demais em andamento (e por vir), além de trabalho e vida pra cuidar.
porém, eu sei que não é apenas isso.
eu estou cansada de criar conteúdo e não de criar em si. estou cansada de ter que pensar em formas de alcançar mais pessoas, entregar o que o público quer, fazer oferenda para os algoritmos e tudo o mais que hoje entendemos como parte da criação de conteúdo.
eu não me cansei de criar, mas de pensar em criar sob paradigmas que me dizem as fórmulas x, y e z, as vontades dos outros e nunca o que eu quero demonstrar, ensinar, compartilhar, vender, mostrar, publicar, rabiscar, apagar, recortar, agregar e editar.
então, o rolê todo é mais uma insatisfação geral sobre precisar seguir tantas normas nas redes sociais.
porque, seja tudo isso um hobby ou um trabalho, nossa presença digital como criadora ainda é diferente da nossa presença digital se fôssemos um negócio.
e essas divisões são linhas bem tênues e que parecem cada vez mais bagunçadas (até porque a gente entra no debate sobre ser creator e ser uma marca e várias outras questões).
dia desses comprei um curso sobre marketing digital e não consegui terminar de assistir. começou a me fazer mais mal do que bem.
o curso tem bastante coisa sobre Instagram e seus algoritmos, mas além do fato de não ter me passado informações novas, o curso todo é baseado em foco de venda de produtos e serviços.
porque, apesar de dizer que serve também para quem cria conteúdo, por exemplo, como construção de autoridade no nicho, as estratégias são as mesmas para tudo e todos.
isso não faz sentido algum.
todo mundo percorrendo o mesmo caminho, com a mesma fórmula, não vai chegar ao mesmo lugar.
existem variáveis demais da conta.
aqui entram questões de individualidade, dedicação, sorte, realidade social e econômica, nicho, conhecimento prévio, etc., etc…
não quero desmerecer planejamento, organização, conhecimento do mercado e das plataformas. conhecimento é sempre bem-vindo.
porém, no momento, acho que muita da insatisfação que vejo em mim e também em amigas e conhecidas que troco ideias tem a ver com isso: estamos colocando todo mundo no mesmo balaio.
aplicamos o mesmo marketing digital e a sensação é de estar no carro desgovernado da Família Mitchell:
em um carro que parece que vai se despedaçar, sem segurança alguma, desconfortável com quem está lá dentro, sendo perseguida por um torpedo e robôs do mal, e ainda por cima com o cenário apocalíptico do lado de fora.
sempre que consumo determinados conteúdos que ensinam marketing digital eu preciso fazer um mega esforço para encaixar o nicho literário dentro dos parâmetros ensinados. mas, sem surpresa alguma, fica mais ou menos assim:
porque a maior parte dos lugares está falando do marketing de criação que se atrela ao marketing digital voltado para vendas.
e não para a criação em si.
parece confuso e acho que é mesmo.
mas é mais ou menos como se eu buscasse algo que queria para a Renata lá de 2016, que começou a criar e não encontrei bem fundamentado até hoje: marketing de criação para criadores.
se você se lembrar do começo dessa news, é exatamente o objetivo da GLit, fomentar esse debate de um mercado tão novo que, às vezes, é mesmo difícil se encaixar.
mas acho que o problema é também porque eu andei buscando demais a solução e a resposta nos outros quando deveria buscá-la mais - e confiar mais - no meu próprio caminho e história.
nos últimos tempos, comecei a achar que tudo que eu sei, estudei e aprendi na prática é pouco em relação a qualquer pessoa que fale do tema (lembra dos meus excessos críticos e perfeccionismo, né?).
na semana passada, trouxe o drops de GLitter para apresentar coisas que eu gosto e acho relevantes, mas também para me dar um respiro.
eu estava na corda bamba pensando se eu mudava a frequência da GLit para quinzenal ou se eu acabava de vez com ela.
e olha que escrever a GLit tem sido uma parte da criação de conteúdo que não deixei de gostar ao longo desses meses com você.
mas, como disse Napoleão Bonaparte:
“A maior batalha que eu travo, é contra mim mesmo.”
trocando em miúdos, autoconhecimento é uma das coisas mais valiosas que podemos buscar.
entender toda essa minha trava com conteúdos me fez ver que eu andava procurando respostas nos lugares errados e que, apesar da relação com as redes sociais ser complexa, eu também posso criar mais do meu jeito, que é o que fiz por muito tempo.
e não pense que essa foi uma constatação rápida e fácil, desde antes de começar a GLit eu já estava com alguns entraves na criação, que me levaram, primeiro, a mudar de perfil no Insta e, depois, a produzir cada vez menos.
que fique claro que o problema não é a quantidade em si, mas de ter perdido a paixão que eu tinha em todas as etapas da criação, uma que posso ver, estou conseguindo reacender agora a fagulha.
por isso, obrigada por chegar até aqui e ter lido todo o meu textão-confessionário, ainda tenho um convite a te fazer. segue o fio:
entrelinha
um convite para você
eu sei que você já tem um milhão de afazeres e coisas da vida (acredite, nem o melhor gerenciador de tempo da humanidade faria tudo o que eu acho que eu deveria ser capaz de fazer ao mesmo tempo, estamos no mesmo barco).
ainda assim, eu venho desejando muito um lugar no qual pudéssemos papear sobre os dramas das criadoras do mundo real mais de pertinho, sabe?
foi pensando nisso que criei um Canal no Telegram para a GLit, spam free e com grupo opcional de bate-papo.
o que vai rolar no Canal: compartilhar dicas, conteúdos para se inspirar e para informar, lembretes de capítulo novo da GLit ou algum post no Insta e coisa e tal e tal e coisa.
o que vai rolar no Grupo: bate-papo livre sobre as coisas que eu compartilhar, a GLit da semana e o que mais vocês quiserem. é para discordar, concordar, trocar ideias, desabafar, mandar dicas (só não vale spam e usar como grupo de divulgação de conteúdo, ok, pertinência com o tema é essencial).
para acessar o Telegram: Canal da GLit | Grupo GLitters
espero te ver por lá :)
rodapé
obrigada por estar aqui no nosso 19º capítulo, talvez não enormemente construtivo, mas sem dúvidas, reflexivo.
e sempre que quiser comentar, responder, curtir, fico feliz em saber sua opinião.
a gente se lê no próximo capítulo.
xoxo
Mulher eu amei essa News. Acho muito legal tua ideia de desfazer o mundinho perfeito que criadores de conteúdo vendem sobre sua profissão porque é isso, ele é muito variável, a maioria das pessoas que tenta não chega a lugar nenhum e muitaa que chegam vendem irrealidades. Eu amo, amo a GLiT, pelamordosdeuses não para com ela não. Desde que comecei a te acompanhar, apesar de adorar as suas fotos e resenhar a GLiT foi pra mim sua melhor criação.
Você conseguiu colocar em palavras muito do que eu tenho sentido nos últimos meses. Eu também cheguei a gastar uma grana legal num curso de marketing digital só pra descobrir que minha saúde mental não tava disposta a seguir as exigências dos algoritmos. Pra mim, o desafio tá sendo gerenciar as frustrações que não produzir o conteúdo de acordo com as normas me traz. Por exemplo, não fechar parcerias com editoras e não conhecer quem realmente interaja nas redes.
Aos poucos estou dando uma limpa nos criadores de conteúdo sobre mkt digital e confesso que tô usando bem menos o insta.
Sobre ser perfeccionista com a produção de conteúdo, o tiktok me ajudou demais! Por lá, os conteúdos mais despretensiosos que eu publiquei foram os que mais alcançaram pessoas.
Tô entrando no grupo do telegram! :)